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Projeto: HÁ POESIA NA VIDA
Ontem a Sônia, minha ajudante e boa amiga, chegou empolgada com o que viu, no muro de uma escola.Ela me dizia:
- Você tem que ver. Tenho certeza que vai querer elogiar e por no site. É lindo demais. Tem umas frases escritas. Deu vontade de parar e ficar lendo.
Ao final da tarde fomos lá, munidas da máquina fotográfica, e da minha curiosidade, conferir as razões da emoção; do tamanho do entusiasmo.
Não houve exagero. O local a que se referia fica em uma esquina, próxima de onde moro. Chama-se Instituto de Educação Professor Manuel Marinho; até então com um muro alto e extenso, totalmente despercebido.
Como registra a foto, criaram um fundo branco, destacando, em letras grandes, ao lado do portão de acesso, o título que resultou no ato:
Projeto: “HÁ POESIA NA VIDA”. VENDO, LENDO, SENTINDO…
A partir dessa provocação, transformaram a área em mural, salpicando textos de Gonçalves Dias, Mário Quintana, Cora Coralina, Carlos Drumond de Andrade… E ainda nem chegaram à metade.
Pura poesia, num ponto central da cidade, num canto até então obscuro, onde os carros, cumprindo com a própria sina, passam, mantendo o foco, nos luminosos sinais acima.
Entre o verde e o amarelo, haverá tempo para que o condutor acesse, por exemplo, essa bela e sugestiva poesia de Cora Coralina:
Não sei…
Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.No trajeto de volta, reflexiva, a Sônia me diz:
- Antes eu não conseguia perceber tudo isso.
Emocionada, ironicamente agradeci… Rimos muito, pois lhe enfio goela abaixo as vantagens desse garimpo… A busca pelos tesouros, ocultos nas entrelinhas… A arte… A poesia… Fazem parte dessa trilha.
A pressa de elogiar, fez com que esteja aqui, falando com você, antes de saber o nome de quem colocou em prática, essa sensível e inspiradora idéia. Farei isso, já no início da semana, e lhe darei um retorno. E se você mora em Volta Redonda, ou por algum motivo passará por aqui, não deixe de apreciar a cena. Fica na Vila Santa Cecília, próximo à Universidade Federal Fluminense, em frente ao Mercado Popular… Vale à pena!
Um elogio especial à Sônia.
Pela sutileza da dica, impregnada de entusiasmo, não resta dúvida. Você já se formou garimpeira.
Seja bem vinda!
Um grande e merecido abraço,
PS1: quem colocou em prática, essa sensível e inspiradora idéia, foi a diretora de escola - Áurea Lino Passos Machado. Já estamos providenciando uma entrevista com ela.
PS2: apresente essa dica às crianças e aos adolescentes lá no www.pessoabonita.com.br/kids.
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Temperos da Vida…
No último sábado, aniversário do meu pai, preparamos a feijoada sobre a qual já lhe falei. Só que, desta vez, por receber um especial tempero, tornou-se, ao meu paladar, mais saborosa ainda.Já comentei com você sobre o Supermarket, mercado próximo à minha casa, aqui em Volta Redonda, cidade do Estado do Rio de Janeiro, no bairro Vila Santa Cecília.
Impossibilitada de ir até lá, escolher os ingredientes, telefonei e pedi ajuda.
Atendeu-me o Fernando. Expus a situação, perguntei se gostava de feijoada, se tinha habilidade para identificar a qualidade das carnes; se escolheria para mim as melhores, e, não sendo pedir demais… Se poderia enviar tudo picado… Eis aí a principal ajuda, pois requer não apenas uma faca afiada, mas também uma dose de boa vontade, quanto mais numa sexta-feira.
Pois você não faz idéia do tanto que ele caprichou na dose. Com certeza eu não faria melhor… E nem igual, mesmo com todo desejo de agradar meu pai, e meu estilo detalhista. Enviou tudo, absolutamente perfeito.
Aproveitando o episódio, refleti sobre os temperos da vida…
Nós vamos ao supermercado, escolhemos cheiro-verde, cebola, aipo… Um monte de hortaliças, cheirosas e lindas… Tudo para aprimorar o sabor das receitas.
Mas, como excluir da lista, o que o Fernando me ofereceu? Como alimentar nossa mente, nossa alma, nosso espírito, tudo o que dá o verdadeiro sentido à vida, sem o tempero dos afetos, da boa vontade, da atenção, da gentileza, da generosidade… Diga-me!… Como sobreviver, humanamente e feliz, sem esses ingredientes?
Ah Fernando, como você foi legal! Espero que o Renato, gerente, imprima essa estratégia à equipe, e que os clientes que aí freqüentam, dêem uma pausa aos atropelos do tempo, permitindo-se saborear a sutileza desses requintes… Assim, tal como fazem os sommeliers, primorosos na refinada arte de degustar, selecionar e indicar um bom vinho.
Parece-me que o mundo, está precisando disso…
Uma ótima semana para você!
Grande abraço,
PS: a foto (sem os temperos extras) peguei emprestada de um blog que achei bem legal e indico http://donasnofimdesemana.wordpress.com/about/
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Parabéns, Rodrigo! Seu desempenho foi DEZ!
Ontem à noite a Júlia me liga, toda agitada, anunciando o descredenciamento de um determinado hospital pela Unimed (Cooperativa médica) de Volta Redonda-RJ. Estava com dificuldade para avaliar se estariam ou não agindo corretamente; queria expor suas idéias, e conhecer minha opinião sobre o assunto. Ela tem apenas 09 anos e, desde sempre, além de muito atenta quanto ao senso de justiça, é também cheia de opinião e atitude. Não é à toa que faz sucesso lá no www.pessoabonita.com.br/kids , e que, por iniciativa própria, abriu a JMV Assessoria Jurídica Mirim, para ajudar crianças submetidas ao bullying na escola.Disse a ela que analisaria as regras do contrato, entraria em contato com a Cooperativa, para conhecer os motivos e a extensão do descredenciamento, verificaria as informações adicionais que teriam, e lhe daria, então, um retorno.
É claro que ela me ligou hoje, ainda cedo, para saber a resposta. Não fosse assim, tão rápida a cobrança do retorno, não seria a Júlia.
Uma das coisas que me incomoda, e imagino que isso também lhe ocorra, é quando quem me atende, atropela o que estou falando. Típico de quem está excessivamente ansioso, ou não aprendeu a ouvir. Se você não ouve uma pergunta com atenção, qual a chance de dar uma resposta assertiva? Via de regra… Nenhuma.
Disse isso porque, conforme prometido à Júlia, liguei para o número 2102.7000 da Cooperativa e falei com um rapaz chamado Rodrigo Santos. A qualidade do atendimento dele foi tão impecável, que não poderia deixar de publicar o elogio, semelhante ao que aconteceu ontem.
Aliás, foi por conta dessas razões, e pegando carona no www.pessoabonita.com.br/kids , que introduzimos a Categoria Elogios; espero que tenha observado, pois o que é bom precisa ser divulgado.
Ele se mostrou calmo, atencioso, gentil, e objetivo às indagações. Estava seguro e muito bem informado. Cumpriu com eficácia a função que ocupa.
Parabéns, Rodrigo! Como já lhe disse, gostei demais do atendimento.
Seu desempenho foi DEZ!
Grande abraço,
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Amém, Jackson!
Acompanhei meus pais para a troca de um cartão, na AAP-VR (Associação dos Aposentados e Pensionistas de Volta Redonda). Parei à entrada e observei os movimentos de um rapaz, uniformizado, que prontamente os acolheu.Após orientá-los, fez um sinal me indagando se iria estacionar; diante da afirmativa, agilmente disponibilizou a vaga.
Poderiam ser gestos mecânicos, não fosse a agradável expressão risonha, e o olhar de quem ultrapassa seu próprio ângulo de visão… Refinamento dos que preservam as lentes do respeito e da cordialidade, aquelas que permitem enxergar o “Outro”… Pelo que me pareceu… Sua marca.
Abri a janela, perguntei o seu nome, e agradeci. Ampliando o sorriso, respondeu: “Amém”.
Isso ocorreu no mesmo dia em que o Fabrício postou uma mensagem, com algo sobre o assunto, no www.pessoabonita.com.br/kids.
Justamente quando, por tanto me deparar com estreitos e embaçados ângulos, me veio o receio de desiludir. Num rápido descuido, acontece, às vezes, sim.
Gestos como o dele, chegam para me dizer: Vamos lá, Denizi… Firme! Preserve e mantenha o foco!
É isso aí, Jackson Mota (esse é o seu nome), valeu a força!
Amém!
Um grande e agradecido abraço,
PS: seguindo sua orientação, Júlia, aí vai o quadro!
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Nena, minha linda…
Há poucos dias, postei algo sobre ela. Era o dia do seu aniversário. Na véspera, após o marcante e acolhedor abraço, frente a frente, sentadas na cozinha, registrei a imagem que ilustra o texto. Bastou um clique, e ali estava, no olhar, no sorriso, na espontaneidade dos gestos, o que, para mim, ela representa.Hoje, 10 dias depois, seu corpo decidiu que chegara a hora de sair de cena. Acordei com a notícia, e me vi serena.
Uma das pessoas mais significativas, das que moldaram a minha vida, deixou-me impresso os mais preciosos registros:
Respeito. Amizade. Reconhecimento. Confiança. Solidariedade. Compaixão. Simplicidade…
Faltou acrescentar Alegria, que agora, pela especialidade do dia, acrescento.
É dia de comemoração, pois uma pessoa que trafega pela vida com tais valores, e generosamente os distribui e repassa, é incabível que a simples ausência de um corpo, nos desperte o sentimento de tristeza. Ele vai, e já não é nada. O intangível fica; como uma inextinguível referência de valor, de afeto, e de solidez.
Mais uma vez, obrigada, minha linda! Sei que sempre estará comigo.
Todo o meu reconhecimento e carinho,
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Dia prático – Dica prática
Tirou muitas fotos no final de semana, estão muito pesadas e quer redimensionar?Faça o download do programa FOTOSIZER no http://www.baixaki.com.br/download/fotosizer.htm.
Mais fácil… Impossível! Pode acreditar!
Uma ótima semana pra você!
Grande abraço,
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Dona Nena
Respeito. Amizade. Reconhecimento. Confiança. Solidariedade. Compaixão. Simplicidade…
Reforçando valores que nos apontam o sentido da vida, Dona Nena completa hoje 93 anos de idade.
Hábil na arte de concretizar os afetos a partir dos gestos mais simples, faz com que tudo na vida nos pareça fácil, com a leveza que pode ter.
O aniversário é dela. O presente é nosso.
Obrigada, minha linda!
Cheio de carinho,
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Steve Jobs
No filme “A Mosca” o personagem central da história aparece como um sujeito que, aparentemente, sempre veste a mesma roupa, o que desperta a atenção e a curiosidade de uma nova namorada. Ele então a leva à sua casa e, abrindo as portas do armário, exibe dezenas de ternos iguais.
Nesta semana, virou manchete a saída de Steve Jobs do posto de presidente executivo da Apple, empresa americana do logotipo da maçã com uma mordida, com reputação diferenciada na indústria de informática, eletrônicos, telecomunicações e músicas digitais, disponibilizando no mercado produtos como iPhone, iMac, iPod, MacBook (notebook), e por aí vai…Em 1975, aos 20 anos, ele e um amigo, de 25 anos (Steve Wozniak), com apenas US$1.300 montaram, na garagem da casa dele, o primeiro protótipo de um computador pessoal direcionado ao consumidor comum.
Isso quer dizer que os equipamentos como o que permite, a mim, estar aqui digitando, e o que permite, a você, estar aí, lendo o que digitei, tornaram-se reais graças, em grande parte, à genialidade e à ousadia dos dois.
Eles protagonizaram uma revolução, foram visionários.
Um ano depois formaram a Appel Computer com o lançamento da Apple I. Um sucesso, pela simplicidade e usabilidade, que lhes rendeu quase um milhão de dólares. Em seguida lançaram a Apple II. Outro sucesso… Para você ter uma idéia, a empresa cresceu tanto, que cinco anos depois, ainda muito jovens, o quase milhão já havia expressivamente multiplicado; fazendo dos dois, milionários.
Em 1985, Jobs saiu da empresa e retornou em 1997, estando lá até hoje, ainda no posto de presidente executivo até três dias atrás, quando passou o comando para Tim Cook, seu sucessor, e até então vice-presidente operacional.
Aí você deve estar se perguntando o que essa história toda tem a ver com o personagem da Mosca…
Pelo simples fato de que esse magnata todo poderoso, para desgosto dos estilistas e amantes da moda, usa somente camiseta preta de mangas compridas e gola alta, calça jeans… E tênis, como é possível conferir nas fotos.
Simplicidade - Um bom começo para convergir sua atenção, sua energia e sua inteligência para um câncer de pâncreas que chegou para desafiá-lo, em 2004, sendo, ao que tudo indica, o motivo da sua atual entrega do cargo.
Naquele ano, em um discurso para um grupo de formandos na Universidade de Stanford, USA, ele diz:
“Você não pode conectar os pontos olhando para frente; só pode fazê-lo olhando para trás. Então precisa confiar que os pontos irão se conectar no futuro. Você precisa confiar em algo – sua coragem, destino, vida, karma, qualquer coisa. Esse pensamento nunca me desapontou e fez a diferença na minha vida.”
“Lembrar que posso estar morto em breve foi a ferramenta mais importante que encontrei para fazer grandes escolhas na vida. Porque quase tudo – todas as expectativas externas, todo o orgulho, medo de falhar ou de passar vergonha – tudo isso vai embora na hora da morte, deixando somente o que é importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor forma para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há motivos para não seguir o seu coração.”
“Ninguém quer morrer. Mesmo quem acredita em paraíso não quer morrer para ir para lá. E ainda assim, a morte é o destino de todos. Ninguém pode escapar disso. E é como deve ser, porque a morte é a melhor invenção da vida. É um fator que muda a nossa vida. Limpa o velho e dá lugar ao novo. Agora mesmo, você é o novo, mas algum dia não muito longe, você se tornará o velho e irá embora. Desculpe ser tão dramático, mas é verdade.”
“Seu tempo é limitado, então não o perca vivendo a vida dos outros. Não fique preso a um dogma – viver sob as expectativas dos outros. Não deixe as opiniões dos outros diminuírem a sua voz. E o mais importante, tenha coragem de seguir o seu coração e a sua intuição. De alguma forma, eles já sabem o que você quer se tornar. Todo o resto é secundário.”
Dramático? Não me pareceu. Talvez inteligentemente realista… Ou sensivelmente poético… Melhor assim.
Vou aproveitar e rever meus armários.
Grande e forte abraço,
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Apple_Inc
http://admin.geek.com.br/posts/17540-relembre-algumas-frases- marcantes-de-steve-jobs
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Países superam o Brasil quando o assunto é Educação
Assistindo hoje ao jornal Bom dia Brasil, rede Globo, selecionei para você a matéria abaixo, apresentada pelo jornalista e comentarista, Alexandre Garcia.Relendo, vi que o texto é tão brilhante, que seria um contra-senso não reproduzir na íntegra.
Apenas tomei a liberdade de ressaltar algumas frases. Não resisti.
Se você não assistiu, aí vai…
PAÍSES SUPERAM BRASIL QUANDO O ASSUNTO É EDUCAÇÃO:
Os protestos de estudantes no Chile são reações ao projeto do presidente Sebastián Piñera de privatização do ensino. Chama atenção a participação dos jovens no Chile, país que tem um alto nível de educação, assim como a Argentina e o Uruguai.
Atrás desse alto nível, tem um mesmo homem: chama-se Domingo Faustino Sarmiento. Depois de mostrar no Chile e no Uruguai que só há futuro com prioridade na educação, ele foi presidente da Argentina e lá fez uma revolução educacional em meados do século 19. No Brasil, a gente está esperando essa revolução e só fazem reforminhas.
No Chile, o Estado deixou a oferta de educação mais fechada. É contra isso que estudantes, pais e professores se mobilizam, sem descanso, há mais de três meses a despeito da repressão policial e centenas de prisões. Querem educação gratuita e de qualidade e que seja proibido o lucro nas universidades privadas. Ou seja, educação não é comércio. Acesso e qualidade são o que querem, numa mobilização maciça, os estudantes chilenos.
No Brasil, não tem lugar na cabeça das lideranças políticas, salvo raras exceções, a necessidade da mais absoluta prioridade para a educação. Sem educação, não há futuro. Há uma clara percepção de que estamos ficando cada vez mais atrás dos Bric (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China) por falta de formação.
Outro dia, uma autoridade federal disse que temos musculatura para enfrentar a crise financeira mundial. O problema é que nos faltam neurônios. A queixa geral dos empresários é a falta de preparo dos candidatos a vagas. Temos algumas ilhotas de excelência, mas isso não basta. Países que estavam atrás do Brasil há 50 anos hoje nos superam de longe, como Coreia do Sul e China, porque investiram macicamente em educação. Na mobilização, o Chile nos ganha longe. No Brasil, há menos de um mês foi convocada pelas redes sociais e pela internet uma passeata pela qualidade em educação.
Na capital do país, a manifestação não chegou a reunir cem pessoas.
* Quer ouvir a gravação? Vá ao http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/ . Ediçao do dia 22/08/2011.
Um ótimo dia pra você!
Abraços,

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Carlos Henrique Baiano: Músico e Compositor
Convidado para uma exposição dos seus trabalhos na Galeria de Arte do site, Carlos Henrique Machado Freitas (Baiano) nos recebeu com a generosidade própria de quem forja a maturidade com qualidade; humanamente, tenazmente, sem estrelismo.Nascido na cidade de Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, e reconhecido por grandes talentos da música e do jornalismo, tanto aqui, quanto no exterior, é considerado um dos mais brilhantes artistas contemporâneos; um dos melhores compositores de choro da atualidade.
Em Vale dos Tambores, premiado álbum duplo, vencedor do Prêmio Rival Petrobrás de Música em 2005, privilegia nossa região, Vale do Paraíba, por percebê-la como uma das mais musicais do Brasil.
Nesta entrevista, você terá a oportunidade de saber um pouco mais sobre ele. Leia!
Obrigada por estar aqui, Carlos Henrique!
Um especial agradecimento também à Celeste, sempre muito gentil e eficaz como mediadora dos nossos contatos.
Você nasceu e cresceu dentro de um ambiente musical. Fale-nos um pouco sobre essa experiência.
Os diálogos entre gerações, dentro da família, mapeiam uma tendência terna. Nesses encontros, o fator afetivo tem um tratamento que vai possibilitar, junto com outros fatores da vida, que a realização de nossos objetivos puxe pelas ações e, consequentemente, nossas reflexões acabam por expressar nosso próprio ambiente. Mas, é fundamental que se diga que este não é um caminho premiado.
A viabilização da arte está, sobretudo, na possibilidade de diálogos que, ao longo da vida, nossas necessidades reivindicam, para destinarmos o nosso poder de criação e destacarmos os parâmetros que elaboramos em nosso inconsciente.
Com que idade, e em que circunstâncias, houve sua iniciação no exercício da música?
Comumente utilizamos a nossa história como um processo simbólico; esse arsenal passa a ser muito mais do nosso imaginário do que algo que, de fato, estabeleça uma determinada data. Surge então, como síntese, entre a experiência e a expectativa, um ponto vital que acreditamos ser a receita do primeiro pão. Mesmo assim, carecemos de uma identidade, como protagonistas, onde nossas práticas traduzam os sintomas de nossas assinaturas; por isso é difícil precisar datas dentro desse contexto. A intuição é algo diverso no espaço geográfico da criação. O esforço é um instrumento que define um determinado momento-chave de nossas motivações.
O meu início propriamente dito na música aconteceu lá pelos meus 16 anos, quando ingressei em um grupo musical e pude, através de um compromisso, dar a minha contribuição, mesmo limitada.
Quais as principais influências que recebeu?
Esta é a maior das rasteiras que o cosmopolitismo pode nos dar. Adotar uma característica, dentro de uma constelação de fatos, é uma teoria quase ficcional. A diversidade é algo muito mais presente, e exerce muito mais pressão em nossos conteúdos e expressões do que imaginamos, mesmo considerando que criamos uma couraça de proteção para a busca de uma identidade diferenciada.
O que devemos sempre lembrar, é que o poder e os meios de comunicação não nos deixam alterar tanto o dilema entre a arte dentro do fator humano, e as maneiras distintas daqueles que atribuem à arte vida própria. Não tenho essa formação celebralista. Tudo o que faço depende de um conjunto de emoções. Por isso, não acredito em locais privilegiados, mesmo para aqueles que desejam estudar e tentar entender a nascente de seus conceitos e suas influências. Isto sempre nos joga numa traiçoeira arapuca.
Prefiro sempre a vigência do meu convênio com a sociedade, para que ela me dê essa janela que promove uma articulação mais garantida do meu espaço, de acordo com as minhas realidades. No geral, as influências são alimentadas por uma determinada linha adicionada, sem sombra de dúvida, por um macro-sistema que habita o nosso cosmos. Demorei um bom tempo para entender isso, e parar de me concentrar somente no meu instrumento ou na própria arte como fator cultural.
De onde vem tanta, e tão rica, inspiração?
Não sei se sou tão inspirado assim, mas gosto muito dos números menores, dos detalhes que nos revelam segredos preciosos que estão conosco, mas que só são acionados quando estimulados. Acho que, na defesa, somos obrigados, sob os ataques das imposições, a ter uma noção mais ampla de espaço. E como a cultura no Brasil não vem da tradição dos grêmios, das instituições conservadoras, nós terminamos por criar, com amadorismo e improviso, o nosso espaço. E como ele não é permanente, porque não é institucional, traçamos uma perspectiva que cria, entre nós mesmos, conflitos e disputas entre o que pensamos ontem e o que pensamos hoje. É da lei da sobrevivência. Funciona como um desafio diário.
Como é ter a música como ofício? Quais os principais obstáculos encontrados? Quais as principais conquistas?
A arte de maneira geral, como ofício, não se consolidou em lugar nenhum no mundo; ela depende sempre de iniciativas de outros setores para que se concretize. Se Bach fez a opção de compor para os reis, e Beethoven para o povo, com certeza nenhum dos dois procurava envolvimento com a cidadania. Ambos buscavam contrastes de força, mas não deixava de ser uma forma de dependência institucional.
A arte não é necessariamente um ofício, esta é a visão mais complicada que a nossa profissão delata, sobre a semelhança da arte com a fisionomia do setor produtivo. A arte atravessa as questões em vários períodos e povos; não como inútil ou pueril, mas como a própria expressão do olhar de uma sociedade. É a única capaz de dar fisionomia a determinado ideal de uma tribo, de uma cidade, de um estado, e de um país. E essa harmonia íntima não morre.
O tempo vai passando e, mais do que a experiência incubada, nos tornamos patriarcas e até conselheiros, contudo, não há um glorioso universo que nos console a um grau de acentuação tal que não acabe zombando do nosso próprio ovo. Infelizmente o nosso figurino de sucesso é decalcado da ordem industrial, pior, dos chiques diretores estéticos que, dentro de seus anacronismos, tentam nos jogar na soberba, que nos deixa cômicos.
A arte não é um substrato mental. A paspalhice que agora compramos, muitas vezes em acentuado grau, sofrerá um baita repuxo, justamente porque a forma de construir os méritos não terá um único canal. Felizmente o batismo se dará para todos, no you tube, nas redes sociais, enfim, em tudo com que as tecnologias nos brindam; assim, logicamente, os valores absolutos serão determinados agora por todos, e não restritos, por exemplo, à figura de um marchand ou de um mega produtor.
Que fatores você considera fundamentais para a elaboração e finalização de uma boa obra?
Acho que estar integrado em nossa própria dimensão e personalidade, em prol de uma boa guerra, pode ser um caminho; mas também acho que qualquer um pode se sentir contrariado com a minha forma de encontrar determinada cintura para criar um determinado ideal artístico.
A cultura berra todos os dias formas e moldes. Uns realizam bobagens, vestem o coturno da moda e enfiam o pé no cimento da modernidade da vez, e ali se transformam num composto de alheios, produzindo uma grotesca inutilidade absoluta.
É bom que se diga em alto e bom som que as pinacotecas não são incubadoras de gênios, por isso a feição dominante de determinada característica, dentro da nossa própria trajetória, não pode sentar na cadeira dos louvores passados, pois assim assinamos caricaturas de nós mesmos. Uma espécie de tara narcisista que nos joga num fosso muitas vezes sem volta.
Por isso, dou linha às manivelas dentro da minha engenhoca, procurando me envolver naquelas primaveras que riscam o nosso cotidiano. Não há uma marca que raiou com a maravilha do nosso nascimento. Acho que, a todo momento, podemos seguir uma picada recém-aberta para avançar sem sermos segregados por nossos próprios demônios. Por isso, na criação, os sertões, a meu ver, continuam desconhecidos.
A crítica especializada não economiza elogios ao seu trabalho. Como se deu o processo de conquista desse reconhecimento?
Na verdade, não temos uma crítica especializada e, por isso, talvez a falsificação da entidade brasileira tenha caminhado tanto de forma levianamente sistematizada.
Acho que o meu trabalho ganhou importância porque coincide com a nossa necessidade de redescoberta. Naturalmente demoramos um tempo para entender isso. O ciúme que tínhamos do nosso próprio produto acabou por nos colocar num exotismo individualista, a ponto de admitirmos apenas o sucesso do artista; mas, ao contrário, a obra que vai muito além de nós, é que ganhou o mundo. A nossa importância está limitada à condição de defensores desse patrimônio e, talvez, a grandeza dele tenha impulsionado as pessoas a escutarem a minha música com a mesma sensação. Assimilar tudo isso não é tarefa fácil, pois somos sempre obrigados a pensar que cada frase, e cada passo que damos, é um prodígio vasto da nossa própria atuação, quando na realidade nós somente participamos das coisas, evidentemente que com a patente de criador, o que se torna ainda mais perigoso.
Como é, também, ver o seu trabalho reconhecido fora do país, mais especificamente no Japão?
Acho que, pelo afastamento, nós praticamente aceitamos mais a frase estrangeira que nos elogia, do que a brasileira que nos confunde com outras formas de expressão. É muito difícil empregar um sentido quando ultrapassamos as fronteiras nacionais e produzimos uma concepção em outros países; logicamente eles enxergam tudo isso com outros sentidos. Se olharmos este meu trabalho como gênero, de maneira meramente convencional, podemos dizer que alcançamos a escala máxima desencadeada por uma obra. Mas acho bem melhor aceitarmos a nossa limitação, pois a realidade tem critérios bastante avessos à visão superposta, que aparece mais como uma invenção individual do que uma forma geral assumida pelo universo de determinado artista.
Temos sempre que pensar nos processos, no que concebe ganhar ou perder no nosso dia-a-dia e, neste caso, todo o sucesso estrangeiro acaba caindo mais na abstração do que na nossa incontestável realidade. O sucesso fora, praticamente não cria alterações consistentes no sentido de mudar certos aspectos da nossa retórica cotidiana.
“Choro Brasileiro”… É possível definir?
Esta tem sido a temática mais empregada em minhas falas, pois o choro brasileiro, se virmos com profundidade, que nem é inédita, não se limita às melodias populares brasileiras que são tocadas em alguns dias da semana como forma de dialogar com outras tonalidades mais ou menos modernizantes. Gosto de saber de todo o nosso processo herdado, o que, a meu ver, está na infinita maioria dos nossos documentos artísticos. Isso transcende o som e sua simultaneidade. Acho que cada povo tem sua característica, e dentro desses elementos vitais é concebida uma peça, um parecer artístico, que justifica um sentimento possível de se harmonizar com a aura desse povo. O choro, pra mim, é isso, ponto central de nossa alma.
A princípio, quando eu dizia isso, muita gente torcia o nariz e me olhava com estranheza, mas como tento sempre demonstrar as fontes dos meus pensamentos, hoje vejo que esse pensamento, entusiasma; principalmente quem não se mantém preso aos processos de uma oratória exclusiva do choro como uma manifestação musical. Conforme eu disse, o conceito choro brasileiro é o mesmo que define todos os traços, falas e sons dos nossos pontos de vista; que dão sentido à nossa arte no geral, logicamente de forma inconsciente.
Quem gosta e quem não gosta de choro?
Não sei quem não gosta. Creio que podemos dizer que tem muita gente no Brasil com a cabeça tão colonizada que não permite a possibilidade de depender de seus próprios sentimentos. Acredito que, quanto mais livres os movimentos do homem brasileiro mais o remelexo corporal do choro transforma o mesmo em um dançarino em suas acentuações.
É muito comum encontrar pessoas que, quando jovem, era balizado pela música estrangeira e, hoje, mais livre dessa verruga, admite uma emoção profunda com os processos encontrados na alma do choro.
Já quem gosta de forma voluntária, costuma cair numa teorização excêntrica em que só acredita na pureza de determinada essência e, claro, a eleita por ele.
Como foi, e tem sido, a sua experiência na formação de grupos de choro?
Participei de muitos, entre todos o que mais trouxe diferença, como compositor, foi o Vera Cruz. Porém, como instrumentista, na década de 70, foi o Cinco no Choro. Na verdade, cada grupo tem a sua musicalidade e suas próprias fantasias. Num momento buscamos a virtuosidade pura. Em outros, uma cantiga mais amadurecida, desenvolvida por um elemento fornecido pelo nosso amadurecimento.
Além de excelente músico e compositor, você é um dedicado pesquisador. Quando iniciou o seu interesse pela pesquisa e como ela influencia o seu processo criativo?
Aproveito essa grande oportunidade para esclarecer que não sou um pesquisador daqueles que seguem o compasso de uma pesquisa científica. Estou mais para um catador de elementos e um contador de determinadas acentuações para tecer determinadas teorias. Gosto destas subdivisões inventadas pela sociedade, mas afirmo que não tenho instrumentos que signifiquem o expressivo conceito de pesquisador. Quem o faz de forma maravilhosa, aqui em casa, é a Aressa Egly Rios da Silveira (filha e realizadora do projeto) que acompanha cada movimento até a sua fadiga, para tecer uma perfeita tese com elementos científicos capazes de expressar aquelas sílabas que só os pesquisadores, como Mário de Andrade, conseguem traduzir.
Na verdade, mesmo acentuando algumas características após a nossa investigação, minha e da Celeste Alves da Silveira (produtora e coordenadora geral do projeto), não posso desprezar os sentidos que se aguçaram na minha música. Porém, nós fomos atrás dessa fonte de riqueza em que falamos no Vale dos Tambores, muito mais para assumirmos que a nossa criação tinha essa ancestralidade.
Algum novo trabalho em andamento? Fale-nos um pouco sobre ele.
Sim, e não é algo ocasional. Estamos trabalhando neste projeto, creio que desde logo após o lançamento do Vale dos Tambores. Acho importante acentuar isso, já que vivemos hoje tão restritos às manifestações de final de semana, quando muito, com a formatação imposta pela gestão corporativa de cultura, que é um verdadeiro desastre para um país.
Esse sistema que nos foi imposto goela abaixo, se confunde com a mesma forma de enterrar a cultura, seja ela feita por fundações, institutos, sistema “S”, secretarias municipais e estaduais e, por fim, a Lei Rouanet e, agora, o próprio Ministério da Cultura, com a farda de gala vestida pela Ministra Ana de Hollanda.
Deixando isso claro, sigo dizendo que estamos buscando neste trabalho outros timbres, aparentemente mais discretos, mas quero testar outras portas que estavam secretas dentro de mim. O projeto se chamará “Tem Muito Arroz Neste Pilão”, logicamente que, a bordo, buscaremos os ventos andradinos para fazer as pessoas esticarem os olhos além da poltrona de um único dia de lançamento. Mas vamos atravessar esse oceano, pois ainda temos um longo pedaço para ganhar o mundo. Neste momento, para a prefeitura da minha cidade de origem, por exemplo, não encontro receptividade ao que artisticamente produzo, portanto, diante de tal indiferença, só nos resta aplicar o conceito do girassol e fazer nosso jardim suspenso buscando a luz em outra forma de financiamento.
E para finalizar, Carlos Henrique… Por que o Bandolim?
Não vou me alongar tanto aqui. Objetivamente posso lhe dizer que o bandolim faz parte de uma família de outras tentativas de instrumento de cordas. Comecei com o violão, passei aos poucos para o cavaquinho e, mais à frente, com tranqüilidade, o bandolim foi me seduzindo. Foi uma gravidez sem traumas, pois o próprio grupo do qual eu fazia parte, me incentivava a encaixar no meio da turma os sons vestidos pelo bandolim.
* Ouça a belíssima exposição de músicas do álbum, clicando na Galeria de Arte do www.pessoabonita.com.br
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