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Domicio de Paula… Colando sobre Papel
Prazer ter você aqui, reforçando as horas agradáveis compartilhadas no Café ComPaixão. Vamos começar pelo nome dado à exposição: Por que “COR, PARA QUE TE QUERO?”?
Quando me perguntaram, não racionalizei a respeito. Foi a primeira frase que me veio… O que senti vontade de pronunciar.
Há 29 anos você é portador da Síndrome de Parkinson, e sabemos o quanto ela compromete os movimentos. Isso interfere na sua produção?
Não, não interfere. Consigo me adequar, me ausentar das dificuldades. Quando estou envolvido com o meu trabalho ele se sobrepõe ao Parkinson, toda a minha energia é direcionada a ele.
E que horizontes essa mesma síndrome abre para essa produção?
Se pensamos em criar imagens alegres, visando apenas clarear um pouco mais as nossas vidas, com certeza já estaremos contribuindo para o nosso crescimento e bem estar. Eu diria que agora os meus horizontes não estão tão estreitos e distantes como me pareciam, sinto-os bem mais amplos e próximos.
Como se expressa sua produção?
Surge a inspiração inesperadamente, como manifestação totalmente espontânea. O processo criativo só se afasta quando termino um trabalho.
E de onde vem sua inspiração?
Como disse anteriormente, ela surge de maneira inesperada, e a partir daí se expressa imediatamente sobre o objeto, sem planejamento ou qualquer esboço.
Que materiais você utiliza?
Usualmente, até então, papel-cartão, papel de seda, vinil autocolante, cola branca, estilete, tesoura e caneta hidrográfica.
Você é membro ativo da APPEMA, Associação de Portadores de Parkinson. Em que medida esse engajamento influencia sua produtividade?
Com certeza a APPEMA é, atualmente, a principal fonte de energia da minha vida; é uma extensão da minha família. Minha existência passou a ter mais sentido ao me incorporar a ela.
Você também participa de um Projeto Parkinson, implantado pelo Centro Universitário U.B.M., onde, por meio de ações interdisciplinares, busca-se ampliar a qualidade de vida dos portadores dessa síndrome. O que nos diria sobre essa experiência?
Esse projeto foi elaborado por pessoas que realmente têm interesse em aprofundar conhecimentos sobre o assunto. É uma equipe claramente comprometida e envolvida com o que faz. A U.B.M., por meio de seus professores e alunos, tem nos ajudado a minimizar nossas dificuldades, melhorando substancialmente a nossa qualidade de vida. A eles só temos agradecimentos.
Vendo de perto o seu trabalho e o ambiente em que é construído, fica fácil compreender o título da exposição. Nossa gratidão por estar com a gente, Domício.
Eu também agradeço muito pela oportunidade, não apenas de expor meus trabalhos, mas também de falar um pouco sobre a APPEMA e o PROJETO PARKINSON U.B.M., iniciativas que, pela seriedade e importância, merecem ser destacadas, pois precisam inspirar e envolver mais pessoas.
Conheça os trabalhos visitando: http://www.pessoabonita.com.br/artista.php?id=85&tipo=2
Autoria da Foto:
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Entrevistando Ana Cristina Maciel
Obrigada, Ana Cristina, por aceitar o nosso convite e nos prestigiar com os seus belos trabalhos.
Quando e como você iniciou sua trajetória nas artes plásticas? Quais foram os fatores determinantes e as suas principais influências?
O Pessoa Bonita me parece um espaço muito bacana e democrático de divulgação artística, obrigada pelo convite!
Eu considero o início a partir dos meus 15 anos, mas desde pequena me sentava ao lado do meu irmão mais velho para desenhar. A mesa em que a minha mãe pintava seus vidros, quadros, e que vivia cheia de marca de tinta, sempre me fascinou. Aos 15 comecei a perceber que dedicava mais tempo a criar do que a qualquer outra coisa, e minha paixão era o teatro. Através dele surgiram os bonecos, que eu mesmo fazia, e o papel machê entrou de vez na minha vida. Expressam brasilidade, pois sempre admirei a cultura popular brasileira, com suas cores e sua capacidade de improvisação.
Quem chegou primeiro, a artista ou a pedagoga?
A artista, sem dúvida! Escolhi a pedagogia por já atuar como arte-educadora em projetos; foi uma escolha intencional para que me auxiliasse nas oficinas.
Em que sua experiência como artista influencia sua atuação como pedagoga, e em que sua experiência como pedagoga influencia sua atuação como artista?
Eu sempre me envolvo em projetos de arte-educação, portanto ambos têm uma importância muito grande e um permanentemente complementa o outro.
O que mais lhe encanta, os traços, as cores e/ou as formas?
Inicialmente as cores me motivavam mais que tudo, hoje percebo que meu processo valoriza mais os traços e as formas… Mas as cores exigem o seu retorno e eu me pego novamente encantada por elas… O processo é dialético.
Fale um pouco sobre suas oficinas de arte… Finalidade, público alvo, número de participantes, faixa etária, etc.
Eu me envolvi em diversos projetos de arte para públicos diversos e com uma variedade de parceiros. Atualmente me dedico mais ao meu atelier e à minha produção, mas pretendendo abrir as portas oficinas de vivências e cursos.
Que contribuições a arte oferece ao modelo educativo atual?
A arte sempre contribui, mas a maneira como é exposta por vezes pode não abranger a sua incrível potencialidade. Ela deve romper barreiras, padrões, conceitos, mexer, chacoalhar, fazer com que os nossos olhos alcancem até o que não pode ser visto, e isso é preciso constar no currículo.
Que elementos você utiliza na técnica de papel machê e que sugestões daria a quem quer aprender sobre ela?
Eu sempre levantei a bandeira para a reutilização de materiais, e na minha técnica reaproveito muitas coisas para transformar em outras. Desde o papel até as estruturas das esculturas, surgem de materiais que eu mesma coleto, a partir do meu consumo no dia a dia. Aprendo até hoje. A dica é fazer, experimentar, tentar de novo… Só a experiência de colocar a mão literalmente na massa é que nos faz dominar a técnica, que é aprimorada a cada tentativa, erro, acerto…
Que elementos costuma utilizar na técnica mista?
Eu a utilizo muito nos desenhos, misturando colagens, tinta e nanquim. Eu gosto de inventar, de unir materiais, e toda vez que inserimos mais de um elemento no desenho, denominamos de técnica mista.
Mulheres faceiras, alegres e coloridas, são muito retratadas em suas obras. Elas são reais ou foram inventadas?
Elas fazem parte do imaginário, mas com certeza algumas características, mesmo que inconscientes, são retiradas de observações. Eu sou otimista quando retrato os personagens, mas sou um pouco pessimista na vida real. Rss. Acho que o mundo e seus conceitos caminham para um colapso e retratar mulheres coloridas, meigas, alegres, me faz acreditar, mesmo que por um instante, em um mundo menos cruel.
Do que falam as suas obras e onde podemos encontra-las?
As minhas obras falam o que penso ser o que as pessoas querem ler. Acho fundamental as diversas interpretações despertadas por uma mesma obra, isso me fascina! Para mim elas falam de esperança, meio ambiente, respeito, pequenas alucinações, sonhos, flores e fé.
E quem quiser conhecer mais é só visitar o meu site: http://anacristinamaciel.com/ ou a minha página no facebook: https://www.facebook.com/anacrispapelmache
Obrigada e parabéns pelo belo trabalho, Ana Cristina! Um grande prazer ter você na nossa Galeria de Arte: http://www.pessoabonita.com.br/artista.php?id=78&tipo=2
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Sidney Gaspar: médico e fotógrafo
Sidney Gaspar é médico, especialista em psiquiatria e fotógrafo autodidata. Nasceu em Itapetininga, São Paulo, em 03/11/1955. Atualmente, mora em Santos, SP.
Em entrevista, com uma fluência própria de quem transformou em unidade ambas as tarefas, ele nos conta um pouco sobre o seu trajeto:
Obrigada, Sidney, por aceitar o nosso convite e estar aqui, no site, expondo os seus belos trabalhos. Como e quando teve início o seu interesse pela fotografia?
Obrigado, Denizi, por prestigiar essa parte lazer e prazer da minha vida. Esta é a primeira vez que exponho em uma galeria de arte virtual; obrigado pela oportunidade!
O meu interesse por fotografia vem desde o início da adolescência; meu pai tinha uma Kodak com fole e eu gostava de olhar pelo retângulo que servia para definir a composição das imagens.
Aos 12 anos você tirou sua primeira foto. Em que circunstância isso ocorreu? Você tem essa foto?
Durante uma visita ao parque Fernando Costa, em São Paulo, eu pedi ao meu pai para tirar uma foto onde apareciam ele, minha mãe e meu irmão. Essa foto está num álbum da minha mãe e, por ser a primeira, me parece boa. E agora, também em exposição na http://www.pessoabonita.com.br/artista.php?id=77&tipo=2
De onde vêm as suas influências? Qual a sua principal fonte inspiradora?
A natureza e a arquitetura. Durante muitos anos eu evitava fotografar pessoas; de tempos para cá não faço mais isso. Sempre gostei de fotografias com muita cor ou muito contraste e admiro alguns fotógrafos como os santistas Ernesto Papa, Tadeu Nascimento e Araquém Alcântara, o argentino Alejandro Chaskielberg e o americano Bryan Peterson, entre outros.
Em que ponto o seu olhar médico, influenciado pela psiquiatria, converge para a experiência fotográfica?
Creio que no detalhe, fundamental na medicina e na fotografia. Como psiquiatra, me acostumei a ver os detalhes do drama humano, como cada detalhe tem um sentido e como esses sentidos, assim como a fotografia, representam um momento onde um receptor (uma câmera ou uma pessoa) captam uma cena, uma informação ou uma imagem.
Como se ajustam a psiquiatria e a fotografia no seu cotidiano?
A psiquiatria me consome muito tempo, mas para qualquer lugar que eu vá eu levo meu equipamento fotográfico; costumo dizer que sou um fotógrafo acidental, passo por cenas e muitas vezes consigo fotografá-las ; não tenho muito tempo para preparar uma situação fotográfica, raras vezes faço isso.
Numa época em que o valor dos objetos tende a superar os valores humanos, o que os “detalhes” do seu olhar têm a nos dizer?
Sim, vivemos uma época em que nos sensibilizamos pouco pelo drama humano, e creio que passamos por um dos momentos em que isto se tornou gigantesco. Estamos mais frios, utilizando muita tecnologia na comunicação, mas não conseguindo escapar dos grandes dilema, como o medo da solidão, da morte, de não realizarmos os nossos sonhos, de não sermos livres ou felizes. Escuto essa dor todos os dias, tentando mostrar, aos meus pacientes, que a possibilidade do belo, da felicidade, pode vir das coisas simples, como um olhar para um pôr de sol. ou um caminhar por uma praia; mas também procuro mostrar que essa possibilidade precisa vir acompanhada de outros humanos, pois para dar sentido às nossas buscas, precisamos ser vistos, sentidos, curtidos, assim como precisamos ver, sentir e curtir o outro, o mundo que nos cerca, com todas as suas nuances. Creio que minha fotografia expressa um pouco isso; o belo em seu sentido mais amplo, que está em toda parte, nos detalhes mais simples, que precisam ser percebidos, melhor vistos e aproveitados”.
Para finalizar, uma pergunta enviada pelo fotógrafo Antônio José Moura CALINO: “A qualidade das suas fotos é excelente. Você fez algum curso de aprimoramento em qualidade de imagem, tipo photoshop, lightroom ou HDR?”
Calino, eu sou absolutamente um autodidata que aprendeu a fotografar na prática, lendo revistas especializadas, sites de fotógrafos, vendo detalhes nas fotos daqueles que vivem dessa arte, como você. É muita tentativa e erro. De uns anos para cá, tenho equipamento e lentes melhores, o que ajuda na qualidade. Só sei trabalhar com alguma desenvoltura no lightroom; aprendi vendo tutoriais na internet. No photoshop, eu não consigo fazer nada. Mas espero aprender a usá-lo, pois creio ser útil na pós-produção. Quanto ao HDR, eu programo a máquina dessa forma e bato algumas fotos. Dessas fotos na exposição, tem duas em HDR (um por do sol em Sagres e o Porto durante o dia). Gostaria muito de fazer um workshop com o Araquém Alcântara e aprender um pouco mais de composição e também algo sobre a pós-produção.
Obrigada, Sidney, mais uma vez, por nos enriquecer com o seu conjunto de obras e suas reflexões tão sensíveis.
Visite a exposição! http://www.pessoabonita.com.br/artista.php?id=77&tipo=2
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Carlos Henrique Baiano: Músico e Compositor
Convidado para uma exposição dos seus trabalhos na Galeria de Arte do site, Carlos Henrique Machado Freitas (Baiano) nos recebeu com a generosidade própria de quem forja a maturidade com qualidade; humanamente, tenazmente, sem estrelismo.
Nascido na cidade de Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, e reconhecido por grandes talentos da música e do jornalismo, tanto aqui, quanto no exterior, é considerado um dos mais brilhantes artistas contemporâneos; um dos melhores compositores de choro da atualidade.
Em Vale dos Tambores, premiado álbum duplo, vencedor do Prêmio Rival Petrobrás de Música em 2005, privilegia nossa região, Vale do Paraíba, por percebê-la como uma das mais musicais do Brasil.
Nesta entrevista, você terá a oportunidade de saber um pouco mais sobre ele. Leia!
Obrigada por estar aqui, Carlos Henrique!
Um especial agradecimento também à Celeste, sempre muito gentil e eficaz como mediadora dos nossos contatos.
Você nasceu e cresceu dentro de um ambiente musical. Fale-nos um pouco sobre essa experiência.
Os diálogos entre gerações, dentro da família, mapeiam uma tendência terna. Nesses encontros, o fator afetivo tem um tratamento que vai possibilitar, junto com outros fatores da vida, que a realização de nossos objetivos puxe pelas ações e, consequentemente, nossas reflexões acabam por expressar nosso próprio ambiente. Mas, é fundamental que se diga que este não é um caminho premiado.
A viabilização da arte está, sobretudo, na possibilidade de diálogos que, ao longo da vida, nossas necessidades reivindicam, para destinarmos o nosso poder de criação e destacarmos os parâmetros que elaboramos em nosso inconsciente.
Com que idade, e em que circunstâncias, houve sua iniciação no exercício da música?
Comumente utilizamos a nossa história como um processo simbólico; esse arsenal passa a ser muito mais do nosso imaginário do que algo que, de fato, estabeleça uma determinada data. Surge então, como síntese, entre a experiência e a expectativa, um ponto vital que acreditamos ser a receita do primeiro pão. Mesmo assim, carecemos de uma identidade, como protagonistas, onde nossas práticas traduzam os sintomas de nossas assinaturas; por isso é difícil precisar datas dentro desse contexto. A intuição é algo diverso no espaço geográfico da criação. O esforço é um instrumento que define um determinado momento-chave de nossas motivações.
O meu início propriamente dito na música aconteceu lá pelos meus 16 anos, quando ingressei em um grupo musical e pude, através de um compromisso, dar a minha contribuição, mesmo limitada.
Quais as principais influências que recebeu?
Esta é a maior das rasteiras que o cosmopolitismo pode nos dar. Adotar uma característica, dentro de uma constelação de fatos, é uma teoria quase ficcional. A diversidade é algo muito mais presente, e exerce muito mais pressão em nossos conteúdos e expressões do que imaginamos, mesmo considerando que criamos uma couraça de proteção para a busca de uma identidade diferenciada.
O que devemos sempre lembrar, é que o poder e os meios de comunicação não nos deixam alterar tanto o dilema entre a arte dentro do fator humano, e as maneiras distintas daqueles que atribuem à arte vida própria. Não tenho essa formação celebralista. Tudo o que faço depende de um conjunto de emoções. Por isso, não acredito em locais privilegiados, mesmo para aqueles que desejam estudar e tentar entender a nascente de seus conceitos e suas influências. Isto sempre nos joga numa traiçoeira arapuca.
Prefiro sempre a vigência do meu convênio com a sociedade, para que ela me dê essa janela que promove uma articulação mais garantida do meu espaço, de acordo com as minhas realidades. No geral, as influências são alimentadas por uma determinada linha adicionada, sem sombra de dúvida, por um macro-sistema que habita o nosso cosmos. Demorei um bom tempo para entender isso, e parar de me concentrar somente no meu instrumento ou na própria arte como fator cultural.
De onde vem tanta, e tão rica, inspiração?
Não sei se sou tão inspirado assim, mas gosto muito dos números menores, dos detalhes que nos revelam segredos preciosos que estão conosco, mas que só são acionados quando estimulados. Acho que, na defesa, somos obrigados, sob os ataques das imposições, a ter uma noção mais ampla de espaço. E como a cultura no Brasil não vem da tradição dos grêmios, das instituições conservadoras, nós terminamos por criar, com amadorismo e improviso, o nosso espaço. E como ele não é permanente, porque não é institucional, traçamos uma perspectiva que cria, entre nós mesmos, conflitos e disputas entre o que pensamos ontem e o que pensamos hoje. É da lei da sobrevivência. Funciona como um desafio diário.
Como é ter a música como ofício? Quais os principais obstáculos encontrados? Quais as principais conquistas?
A arte de maneira geral, como ofício, não se consolidou em lugar nenhum no mundo; ela depende sempre de iniciativas de outros setores para que se concretize. Se Bach fez a opção de compor para os reis, e Beethoven para o povo, com certeza nenhum dos dois procurava envolvimento com a cidadania. Ambos buscavam contrastes de força, mas não deixava de ser uma forma de dependência institucional.
A arte não é necessariamente um ofício, esta é a visão mais complicada que a nossa profissão delata, sobre a semelhança da arte com a fisionomia do setor produtivo. A arte atravessa as questões em vários períodos e povos; não como inútil ou pueril, mas como a própria expressão do olhar de uma sociedade. É a única capaz de dar fisionomia a determinado ideal de uma tribo, de uma cidade, de um estado, e de um país. E essa harmonia íntima não morre.
O tempo vai passando e, mais do que a experiência incubada, nos tornamos patriarcas e até conselheiros, contudo, não há um glorioso universo que nos console a um grau de acentuação tal que não acabe zombando do nosso próprio ovo. Infelizmente o nosso figurino de sucesso é decalcado da ordem industrial, pior, dos chiques diretores estéticos que, dentro de seus anacronismos, tentam nos jogar na soberba, que nos deixa cômicos.
A arte não é um substrato mental. A paspalhice que agora compramos, muitas vezes em acentuado grau, sofrerá um baita repuxo, justamente porque a forma de construir os méritos não terá um único canal. Felizmente o batismo se dará para todos, no you tube, nas redes sociais, enfim, em tudo com que as tecnologias nos brindam; assim, logicamente, os valores absolutos serão determinados agora por todos, e não restritos, por exemplo, à figura de um marchand ou de um mega produtor.
Que fatores você considera fundamentais para a elaboração e finalização de uma boa obra?
Acho que estar integrado em nossa própria dimensão e personalidade, em prol de uma boa guerra, pode ser um caminho; mas também acho que qualquer um pode se sentir contrariado com a minha forma de encontrar determinada cintura para criar um determinado ideal artístico.
A cultura berra todos os dias formas e moldes. Uns realizam bobagens, vestem o coturno da moda e enfiam o pé no cimento da modernidade da vez, e ali se transformam num composto de alheios, produzindo uma grotesca inutilidade absoluta.
É bom que se diga em alto e bom som que as pinacotecas não são incubadoras de gênios, por isso a feição dominante de determinada característica, dentro da nossa própria trajetória, não pode sentar na cadeira dos louvores passados, pois assim assinamos caricaturas de nós mesmos. Uma espécie de tara narcisista que nos joga num fosso muitas vezes sem volta.
Por isso, dou linha às manivelas dentro da minha engenhoca, procurando me envolver naquelas primaveras que riscam o nosso cotidiano. Não há uma marca que raiou com a maravilha do nosso nascimento. Acho que, a todo momento, podemos seguir uma picada recém-aberta para avançar sem sermos segregados por nossos próprios demônios. Por isso, na criação, os sertões, a meu ver, continuam desconhecidos.
A crítica especializada não economiza elogios ao seu trabalho. Como se deu o processo de conquista desse reconhecimento?
Na verdade, não temos uma crítica especializada e, por isso, talvez a falsificação da entidade brasileira tenha caminhado tanto de forma levianamente sistematizada.
Acho que o meu trabalho ganhou importância porque coincide com a nossa necessidade de redescoberta. Naturalmente demoramos um tempo para entender isso. O ciúme que tínhamos do nosso próprio produto acabou por nos colocar num exotismo individualista, a ponto de admitirmos apenas o sucesso do artista; mas, ao contrário, a obra que vai muito além de nós, é que ganhou o mundo. A nossa importância está limitada à condição de defensores desse patrimônio e, talvez, a grandeza dele tenha impulsionado as pessoas a escutarem a minha música com a mesma sensação. Assimilar tudo isso não é tarefa fácil, pois somos sempre obrigados a pensar que cada frase, e cada passo que damos, é um prodígio vasto da nossa própria atuação, quando na realidade nós somente participamos das coisas, evidentemente que com a patente de criador, o que se torna ainda mais perigoso.
Como é, também, ver o seu trabalho reconhecido fora do país, mais especificamente no Japão?
Acho que, pelo afastamento, nós praticamente aceitamos mais a frase estrangeira que nos elogia, do que a brasileira que nos confunde com outras formas de expressão. É muito difícil empregar um sentido quando ultrapassamos as fronteiras nacionais e produzimos uma concepção em outros países; logicamente eles enxergam tudo isso com outros sentidos. Se olharmos este meu trabalho como gênero, de maneira meramente convencional, podemos dizer que alcançamos a escala máxima desencadeada por uma obra. Mas acho bem melhor aceitarmos a nossa limitação, pois a realidade tem critérios bastante avessos à visão superposta, que aparece mais como uma invenção individual do que uma forma geral assumida pelo universo de determinado artista.
Temos sempre que pensar nos processos, no que concebe ganhar ou perder no nosso dia-a-dia e, neste caso, todo o sucesso estrangeiro acaba caindo mais na abstração do que na nossa incontestável realidade. O sucesso fora, praticamente não cria alterações consistentes no sentido de mudar certos aspectos da nossa retórica cotidiana.
“Choro Brasileiro”… É possível definir?
Esta tem sido a temática mais empregada em minhas falas, pois o choro brasileiro, se virmos com profundidade, que nem é inédita, não se limita às melodias populares brasileiras que são tocadas em alguns dias da semana como forma de dialogar com outras tonalidades mais ou menos modernizantes. Gosto de saber de todo o nosso processo herdado, o que, a meu ver, está na infinita maioria dos nossos documentos artísticos. Isso transcende o som e sua simultaneidade. Acho que cada povo tem sua característica, e dentro desses elementos vitais é concebida uma peça, um parecer artístico, que justifica um sentimento possível de se harmonizar com a aura desse povo. O choro, pra mim, é isso, ponto central de nossa alma.
A princípio, quando eu dizia isso, muita gente torcia o nariz e me olhava com estranheza, mas como tento sempre demonstrar as fontes dos meus pensamentos, hoje vejo que esse pensamento, entusiasma; principalmente quem não se mantém preso aos processos de uma oratória exclusiva do choro como uma manifestação musical. Conforme eu disse, o conceito choro brasileiro é o mesmo que define todos os traços, falas e sons dos nossos pontos de vista; que dão sentido à nossa arte no geral, logicamente de forma inconsciente.
Quem gosta e quem não gosta de choro?
Não sei quem não gosta. Creio que podemos dizer que tem muita gente no Brasil com a cabeça tão colonizada que não permite a possibilidade de depender de seus próprios sentimentos. Acredito que, quanto mais livres os movimentos do homem brasileiro mais o remelexo corporal do choro transforma o mesmo em um dançarino em suas acentuações.
É muito comum encontrar pessoas que, quando jovem, era balizado pela música estrangeira e, hoje, mais livre dessa verruga, admite uma emoção profunda com os processos encontrados na alma do choro.
Já quem gosta de forma voluntária, costuma cair numa teorização excêntrica em que só acredita na pureza de determinada essência e, claro, a eleita por ele.
Como foi, e tem sido, a sua experiência na formação de grupos de choro?
Participei de muitos, entre todos o que mais trouxe diferença, como compositor, foi o Vera Cruz. Porém, como instrumentista, na década de 70, foi o Cinco no Choro. Na verdade, cada grupo tem a sua musicalidade e suas próprias fantasias. Num momento buscamos a virtuosidade pura. Em outros, uma cantiga mais amadurecida, desenvolvida por um elemento fornecido pelo nosso amadurecimento.
Além de excelente músico e compositor, você é um dedicado pesquisador. Quando iniciou o seu interesse pela pesquisa e como ela influencia o seu processo criativo?
Aproveito essa grande oportunidade para esclarecer que não sou um pesquisador daqueles que seguem o compasso de uma pesquisa científica. Estou mais para um catador de elementos e um contador de determinadas acentuações para tecer determinadas teorias. Gosto destas subdivisões inventadas pela sociedade, mas afirmo que não tenho instrumentos que signifiquem o expressivo conceito de pesquisador. Quem o faz de forma maravilhosa, aqui em casa, é a Aressa Egly Rios da Silveira (filha e realizadora do projeto) que acompanha cada movimento até a sua fadiga, para tecer uma perfeita tese com elementos científicos capazes de expressar aquelas sílabas que só os pesquisadores, como Mário de Andrade, conseguem traduzir.
Na verdade, mesmo acentuando algumas características após a nossa investigação, minha e da Celeste Alves da Silveira (produtora e coordenadora geral do projeto), não posso desprezar os sentidos que se aguçaram na minha música. Porém, nós fomos atrás dessa fonte de riqueza em que falamos no Vale dos Tambores, muito mais para assumirmos que a nossa criação tinha essa ancestralidade.
Algum novo trabalho em andamento? Fale-nos um pouco sobre ele.
Sim, e não é algo ocasional. Estamos trabalhando neste projeto, creio que desde logo após o lançamento do Vale dos Tambores. Acho importante acentuar isso, já que vivemos hoje tão restritos às manifestações de final de semana, quando muito, com a formatação imposta pela gestão corporativa de cultura, que é um verdadeiro desastre para um país.
Esse sistema que nos foi imposto goela abaixo, se confunde com a mesma forma de enterrar a cultura, seja ela feita por fundações, institutos, sistema “S”, secretarias municipais e estaduais e, por fim, a Lei Rouanet e, agora, o próprio Ministério da Cultura, com a farda de gala vestida pela Ministra Ana de Hollanda.
Deixando isso claro, sigo dizendo que estamos buscando neste trabalho outros timbres, aparentemente mais discretos, mas quero testar outras portas que estavam secretas dentro de mim. O projeto se chamará “Tem Muito Arroz Neste Pilão”, logicamente que, a bordo, buscaremos os ventos andradinos para fazer as pessoas esticarem os olhos além da poltrona de um único dia de lançamento. Mas vamos atravessar esse oceano, pois ainda temos um longo pedaço para ganhar o mundo. Neste momento, para a prefeitura da minha cidade de origem, por exemplo, não encontro receptividade ao que artisticamente produzo, portanto, diante de tal indiferença, só nos resta aplicar o conceito do girassol e fazer nosso jardim suspenso buscando a luz em outra forma de financiamento.
E para finalizar, Carlos Henrique… Por que o Bandolim?
Não vou me alongar tanto aqui. Objetivamente posso lhe dizer que o bandolim faz parte de uma família de outras tentativas de instrumento de cordas. Comecei com o violão, passei aos poucos para o cavaquinho e, mais à frente, com tranqüilidade, o bandolim foi me seduzindo. Foi uma gravidez sem traumas, pois o próprio grupo do qual eu fazia parte, me incentivava a encaixar no meio da turma os sons vestidos pelo bandolim.
* Ouça a belíssima exposição de músicas do álbum, clicando na Galeria de Arte do www.pessoabonita.com.br
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TOMMY & CIA – ARTE EM GRAFFITI
GRAFITE é uma palavra de origem italiana e traduz uma arte que se expressa desde o império romano como inscrições caligrafadas ou desenhos pintados ou gravados sobre uma superfície de parede ou similar.
Incluída no âmbito das artes visuais, mais especificamente arte urbana, manifesta-se predominantemente nos espaços urbanos, interferindo intencionalmente na imagem das cidades.
Tanto no Brasil quanto em outros países frequentemente é confundida com pichação, o que gera grandes controvérsias, já que esta tende a ser vista como vandalismo e contravenção, sendo aplicada como escritos ou rabiscos em superfícies como paredes, muros, chão e monumentos públicos, com frases de protesto, insultos, declarações de amor, assinaturas pessoais, ou simplesmente demarcando territórios entre grupos, utilizando tintas em spray ou em rolo, de difícil remoção.
Em alguns idiomas a palavra graffiti designa os dois tipos de manifestações, o que favorece a dúvida e alimenta a controvérsia. (Fonte: Wikipédia)
Hoje inauguramos na nossa Galeria de Arte a exposição das obras em grafite do artista TOMMY (Roberto Teixeira Ribeiro Junior), de Volta Redonda, cidade do Estado do Rio de Janeiro, algumas em co-autoria com os artista Rfire, Tura, End, Dejah, Break e Kajaman. Na entrevista abaixo ele nos falará um pouco sobre o seu trajeto, ajudando-nos a compreender melhor essa bonita, peculiar e ousada forma de expressão. Leia!
É um grande prazer estar com você aqui, Tommy, e poder exibir esses belos trabalhos. Quando e como foi despertado em você o interesse pelo grafite?
O meu contato com o grafite foi despertado a partir da vivência com outras práticas artísticas, como pintura e artesanato. Na época do colegial experimentei o spray praticando algumas pichações, e o apego a esse material foi surpreendente, o que me levou a buscar mais informações e conhecimento sobre o assunto. Na época recursos como revista, livros e internet, assim como o contato com os artistas mais experientes, era muito restrito.
Embora quase sempre tida como contravenção, muitos grafiteiros famosos trazem em sua história, assim como você, a prática da pichação. O que tem a nos dizer sobre isso?
Opiniões diversas também são geradas no meio artístico dos grafiteiros; uma delas é que a pichação não deixa de ser uma arte, um estudo, apesar do rótulo de vandalismo como assim entende a sociedade. Particularmente não defendo o ato, mas sim o estudo a esse respeito. Como você mencionou, grafiteiros famosos tiveram essa prática, e ainda hoje conheço muitos que a adotam. Nos anos 80 e 90, podemos dizer que quase todos os grafiteiros tiveram esse contato com a pichação como ato de protesto; já nos dias de hoje notamos que a maioria dos artistas que estão se inserindo nesse meio, quase nunca tiveram essa experiência; grande parte dos novos artistas surge de oficinas, eventos nos quais eles se deslumbram não pela pichação mas sim pelo grafite como arte e forma de ganhar a vida.
Sabemos que realiza projetos de grafite para prefeituras. Qual a razão desses projetos e como acontecem?
Antes não gostava muito de trabalhar para prefeituras, pois em geral nos propunham serviços que apenas davam visibilidade, sem haver uma preocupação com a qualidade e a formação das pessoas. Com o passar do tempo e tendo esses projetos como uma fonte de renda, pensei em continuar fazendo, mas dentro de uma proposta que não entrasse em conflito com a minha visão e os meus objetivos; foi uma “briga” muito grande conseguir mostrar que desses projetos podem sair pessoas com dons surpreendentes, sejam eles artísticos ou até mesmo políticos. O meu objetivo maior com esses projetos é proporcionar às pessoas um aprendizado através da vivência desse recurso, lembrando que sempre nos deparamos com crianças que dificilmente teriam algum contato com esse tipo de arte. Não gosto de formar opinião, mas sim de auxiliar essas pessoas a desenvolverem suas próprias opiniões, já que grande parte do nosso público alvo são crianças e adolescentes.
E como se manifesta a receptividade dos alunos na prática do grafite através de oficinas nas escolas?
Trabalhar com criança é uma forma de você esquecer problemas pessoais, esquecer dívidas rss, e algumas outras dificuldades. Uma grande parte das escolas de Volta Redonda tornou-se adepta a disponibilizar isso para as crianças; não posso responder o retorno que cada escola tem com os projetos, porém o meu retorno é cada dia diferente, é vibrante, é de orgulho em saber que crianças saem de casa para simplesmente brincar e aprender na aula do tio do grafite. Trocar conhecimento com esse público é uma coisa que fortalece cada dia mais o meu conceito sobre arte e sobre o meio em que vivo. Quando vamos apresentar o projeto para as crianças, de cada 30 alunos dentro da sala de aula, 31 querem participar das aulas; acho que isso responde um pouco, certo? rss. Claro que cada aluno absorve o que quer e da forma que ele quer, embora a apresentação didática seja igual para todos, mas é muito gratificante ver o retorno de cada projeto.
Considerando o preconceito que ainda há em relação a essa arte. Como você lida com isso?
Quando eu comecei a grafitar em Volta Redonda no ano 2000, em qualquer muro que eu estivesse trabalhando era sujeito a repressão de policiais e até de alguns moradores. Já tive que apagar muito trabalho pronto, e é um gasto muito grande de material, que é caro e quase sempre sai do nosso bolso. Depois de alguns anos, o grafite foi tomando um rumo diferente na cidade, a maioria das pessoas que passa por nós na rua na hora em que estamos trabalhando, observa e diz: – Olha os meninos do grafite ali! Ainda ouvimos alguns dizerem que são os pichadores, mas isso está mudando, já não é a grande parte, pelo menos aqui na região. No dia 26/05/2011 foi publicado no diário oficial da união uma Lei sancionada pela presidente Dilma Roussef que diferencia a pichação do grafite, o que foi uma boa conquista.
O grafite para você é uma paixão que se tornou um ofício. Como o mercado recebe esse “produto” na atualidade? Em que segmentos ele é mais requisitado?
Hoje o grafite dita moda, seja ela têxtil, seja com exposições, ou como decoração de ambientes. Muitos trabalhos vêm sendo desenvolvidos por grafiteiros; grandes empresas estão trabalhando em parceria para fornecer ao público aquilo que ele mais consome. Alguns artistas, de Volta Redonda, saíram e foram morar na capital por conta de trabalho; desenvolveram estampas para empresas como CANTÃO, RESERVA, TACO, entre outras. Eu ainda não tive o interesse e a oportunidade de trabalhar com essa área têxtil em grandes empresas; tive apenas alguns trabalhos realizados para a CLARO TELEFONIA, com a criação de adesivos para celular. Hoje, aqui e em outros países, o segmento mais requisitado é o têxtil; criação de estampas para camisas, calças, meias, casacos, tênis, chuteiras, chinelos e outros.
Que materiais vocês habitualmente utilizam?
Spray – Tinta látex – Rolo de pintura
Tratando-se de uma prática aplicada em superfícies (paredes, muros, etc.) que geralmente pertencem a outras pessoas; como se processa a permissão ou concessão de uso?
Conversando… Chegamos a uma determinada residência com um muro que nos agrade e oferecemos nossa pintura. Alguns anos atrás era quase impossível conseguir um muro para pintar, hoje é quase tudo mais acessível; alguns já nos relataram que ficavam contando para pedirmos o muro deles.
Como prefere executar seus trabalhos, em grupo ou individualmente? Por quê?
Prefiro trabalhar em grupo, pois a atividade compartilhada acrescenta conhecimento; trocamos informações o tempo todo; reforça os vínculos de amizade e nos diverte.
O que mais inspira o seu processo de criação?
Cor e forma; gosto de elementos ornamentais e abstratos. Gosto de estudar Art Nouveau, e sempre ler obras de artistas nacionais; gosto da forma cultural que Carybé retrata seus trabalhos, gosto da composição de formas da Tarsila do Amaral.
Nos trabalhos em grupo como se dá a escolha do tema a ser abordado?
Se dá no dia e na hora… rss; vai de acordo com o que cada artista possui de material no momento, aí sim propomos um tema em conjunto. Na maioria das vezes usamos um repertório de criação individual, cada um pensa no seu trabalho, porém pensando também nos recursos que o outro artista possui. É difícil propormos um tema grande e antecipadamente por conta de material; spray é muito caro, e produzir uma temática leva tempo e muito gasto, em geral custeado por nós mesmos.
Muito obrigada pela entrevista, Tommy! Parabéns a você e aos seus colegas pelo belíssimo trabalho que nos apresentam.
Vá ao www.pessoabonita.com.br e visite a exposição!
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Bárbara Aragão – Escritora e Artista Plástica
Bárbara Aragão Couto tem 24 anos, mora na cidade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro – Brasil, é advogada e atua na área tributária. Sempre dedicada às artes e apaixonada pela leitura, passou a infância no atelier do pai, entre pinturas e esculturas.
Sensível, inteligentemente eclética, e muito estudiosa, participou de diversos cursos, aperfeiçoando-se tecnicamente e mergulhando cada vez mais na prática literária, com ênfase nos contos e na poesia.
Ispirando-se nas obras de Pablo Neruda, Carlos Drumond de Andrade e Felipe Couto, não demorou a construir sua marca, onde cada vez mais letras e imagens se aliam numa prodigiosa conspiração poética.
Em primeira exibição fora do seu blog, temos o orgulho de expor seus trabalhos na Galeria de Arte do www.pessoabonita.com.br.
Um privilégio acompanhar os seus passos…
…Um grande prazer Bárbara, ter você no nosso site. Sempre garimpando preciosidades, você foi um valioso achado. Obrigada!
Obrigada digo eu, fico muito satisfeita de podermos fazer essa exposição!
Pegando a ponta da sua história, quando e onde você nasceu?
Nasci em Barra Mansa, em 1986, e vivi aqui até os 18 anos, quando me mudei para Niterói para fazer faculdade.
Como teve início o seu interesse pelas artes?
Meu pai pintava quadros e fazia muitas esculturas. Quando eu era pequena, ele tinha um atelier enorme ao lado da nossa casa, que tinha uma quantidade interminável de objetos feitos com diversos tipos de materiais. Falo que lá em casa não existia lixo, existia matéria prima. Cresci vendo isso e vi que gostava. Acho que está um pouco no sangue também, rs.
Tendo então como cenário o ambiente do atelier, fale-nos um pouco da sua experiência ao lado do seu pai, também artista plástico.
Eu passava muito tempo lá, aprendi a pintar e já me arrisquei com esculturas também, mas sempre gostei mais do desenho, que pode ser feito a qualquer momento e em qualquer lugar. Acho que é uma forma de expressar emoções e pontos de vista sobre o mundo. Fazer isso de uma forma rápida, em qualquer lugar, torna o resultado mais fiel ao que se quer passar.
E como foi transitar precocemente pelas páginas da literatura; quais as primeiras impressões marcadas nesse trajeto?
Ah, eu levava livros para todo lugar que ia. A literatura não tem limites, dá para viver de tudo e conhecer coisas que a gente nem sabia que existia. Pode-se viver um romance, um homicídio, um drama, basta ter um livro bom na mão. Como eu era bem quietinha, aprendia mais com a leitura que com a experiência. Neste ponto, um autor muito importante foi o Paulo Coelho, que mostrava personagens aprendendo as coisas na vivência, na experiência. Hoje ainda amo a literatura, mas tento conciliá-la à vida, deve haver um equilíbrio entre teoria e prática.
Sabemos que aos 07 anos de idade nasceu sua primeira poesia. Em que circunstância isso ocorreu? Apresente-nos a ela!
Rs., essa história é engraçada. Era um trabalho de colégio da 1ª série, tínhamos que escrever um comercial de venda por telefone, do tipo “ligue 0800 e adquira já sua nova máquina de fazer sucos, que também é uma batedeira e pode se transformar em um fogão”, rs. Eu acabei fazendo uma poesia, que foi para o jornalzinho do colégio e está emoldurada até hoje no meu quarto. Não costumo mostrá-la, mas está aí.
Trabalhando anúncio
Disque 0800 da alegria.
Vende-se tristeza por alegria.
Para aproveitar o dia.
Disque 0800 da felicidade.
Troco pesadelo por sonho.
Porque não agüento mais acordar assustada.
Disque 0800 da união.
Compra-se muita felicidade.
Porque não agüento mais viver triste.
Disque 0800 da vida.
Procura-se unidade.
Pois não sei viver sozinha.
De lá para cá 17 anos transcorreram. Hoje, aos 24 anos, você nos apresenta um trabalho maduro, com um estilo bem definido, poeticamente lúcido, inteligente, crítico e emocional. Envolvida nessa construção, como foi transitar pela adolescência?
Essa fase me deu muitos subsídios para definir um modo crítico de enxergar as coisas e de botar isso no papel. Nesta época eu comecei a ter uma visão crítica das coisas e escrevia para contestar as religiões e a sociedade. Agora tenho uma postura menos radical e, mesmo com críticas, procuro ver um lado bom nas situações. Vi que dá para escrever sobre coisas leves também. Hoje em dia os poemas que mais gosto são esses.
E de onde vêem suas influências, suas principais fontes inspiradoras?
Gosto da intensidade de Pablo Neruda e de um livro do Carlos Drumond de Andrade que se chama “Amar se aprende amando”. Pra mim, o amor é a fonte de tudo e é sempre bom escrever sobre ele. Tirando esses clássicos, tenho um apreço pelo poeta Filipe Couto, que vem com uma poesia suave, o que não se vê muito hoje em dia.
Apresentando o seu trabalho a um dos nossos consultores - Ernani de Melo Mazza - professor de português e literatura, assim ele reagiu: “Não sei o que é melhor, se as poesias ou as ilustrações. Fiquei louco com os desenhos e gostei imensamente das poesias”. E finalizou com a pergunta que lhe repasso: “Para você o que é mais prazeroso, escrever ou ilustrar, já que faz as duas coisas tão bem”?
Ilustrar é um prazer imenso. Escrever é uma libertação. Na exposição, as ilustrações vêm para aumentar as possibilidades de interpretação das poesias. Para mim, os dois se completam.
Você cursou a faculdade de Direito na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, Rio de Janeiro. Hoje atua na área tributária. Como se processou essa escolha e como se ajustam a poesia e as artes plásticas dentro desse contexto?
Penso que todo ser humano é plural, tem vários lados. Hoje em dia se fala muito em especialização, o que é útil, mas acaba prejudicando o desenvolvimento do individuo. Acho que é preciso conciliar dom, vontade e necessidade, mesmo que em áreas diferentes. Não consigo entender a figura fordista do homem que só prega parafusos. É desperdício.
Numa época em que impera a superficialidade e o individualismo, “Pessoa Bonita” assegura que pessoas melhores fazem o mundo melhor, e investe nesse sentido. O que seu olhar lúcido e poético tem a nos dizer sobre isso?
Acho o trabalho do site muito interessante, além de inovador. De fato, trabalhar para melhorar as pessoas tem efeitos concretos na sociedade. O mundo é o que nós somos, em conjunto. Não dá para ser egoísta a ponto de não evoluir ou a ponto de não compartilhar conhecimento. A gente cresce junto. E só assim.
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VISITAS MUSICAIS: TOQUES DE VIDA.
Larissa Albertassi Dalrio é enfermeira, e mais uma pessoa bonita no sentido pleno da palavra. Demonstra competência, empatia e afetividade, qualidades que esperamos encontrar nos profissionais que nos auxiliem, direta ou indiretamente, em circunstâncias que ameacem a nossa vida, ou a vida de alguém que nos seja muito caro. Quem conhece boa parte dos ambientes das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), sabe do que falo. A motivação do convite para essa entrevista parte do reconhecimento dessas qualidades em alguns preciosos profissionais, algumas abençoadas “Larissas”, que atuam nessas unidades.
Ela nasceu em Volta Redonda, Rio de Janeiro, há 27 anos. Estudante de uma escola do município participou ali da primeira turma de violino dirigida pelo professor e maestro Nicolau Martins de Oliveira. Um grande aprendizado, dos sete aos quatorze anos, somado às aulas de pífaro e canto.
Completou o curso técnico de enfermagem e em seguida o superior, formando-se em 2007. No trabalho de conclusão do curso abordou o tema “A Visita Musical como Estratégia Terapêutica no contexto de uma Unidade de Terapia Intensiva”. Esse belo trabalho norteou nossas perguntas. Leia!
Seja bem vinda Larissa! A VISITA MUSICAL COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA NO CONTEXTO DE UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA… Um título atraente. O que a inspirou na escolha do tema?
Sempre estive muito ligada à música, mesmo atuando na área da saúde. Trabalho há oito anos em uma Unidade de Terapia Intensiva e fico muito envolvida com o sofrimento do Ser ao qual estou prestando cuidados. Com isso sempre pensava em meios que pudessem amenizar um pouco esse sofrimento. Nunca havia me imaginado utilizando a música como um caminho, até que na faculdade chegou o momento de apresentar o trabalho final; através de conversas com amigos fui amadurecendo a idéia.
É comum tratarmos usuários de serviços na área da saúde como “pacientes”. No seu trabalho você os identifica como “clientes”. Qual a razão?
A modernidade está sempre presente nos termos de enfermagem. O termo paciente, em sua utilização cotidiana, apresenta uma concepção em que a pessoa atendida é vista mais como um objeto do que como o sujeito. Se formos olhar no dicionário, uma das definições para paciente é: Aquele que sofre sem reclamar. Assim, tenho que ter em mente que estou cuidando de um cliente consumidor e que acima de tudo é um ser humano que tem vontades, desejos e sonhos.
O que a fez optar por uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) como ambiente para a realização do trabalho?
Optei pela UTI não apenas por trabalhar nesse setor, mas por saber que é um setor crítico, fechado, onde o ser humano é separado de todo o seu cotidiano para que possa ser tratado.
O cuidado humano implica na interação com o outro (cliente/paciente) abordando-o como ser e não como objeto, entretanto frequentemente essa abordagem ocupa um plano secundário ou inexiste, colocando-se como prioridade o atendimento técnico e os deveres administrativos. Como você avalia essa questão?
Este é um ponto muito importante, pois é necessário que tenhamos profissionais comprometidos com a vida, mais intimamente com o ser que ali se encontra, e não apenas com a doença que ele apresenta. O profissional da enfermagem é que mais tempo passa com o cliente, daí a importância da sua conscientização sobre um cuidado que vai muito além da técnica, está também na interação com o outro.
No início do seu trabalho você salienta que “ao hospitalizar-se a pessoa rompe com seu elo social e familiar atuante, para se colocar passivo (paciente) dentro do novo ambiente”. Que argumentos justificariam a música com finalidade terapêutica como um dos caminhos para se restabelecer esse elo?
A música vem sendo utilizada em vários momentos da nossa história, desde os primórdios da humanidade, com finalidade terapêutica. Ela pode ser considerada um importante meio de comunicação/interação entre profissional e cliente, pois proporciona um ambiente agradável e saudável, fazendo com que o foco não esteja restrito à doença. O cliente se sente valorizado como ser humano.
O objeto do seu estudo é o impacto que a visita musical causa ao cliente internado em um ambiente de UTI. Qual o impacto produzido nas equipes atuantes nesse contexto; foi possível fazer essa avaliação?
Sim. Ao realizar o estudo, todos (médicos, técnicos e outros profissionais) ficavam observando. O interessante é que nas visitas musicais onde era utilizado o violino, a música tocada era apreciada por todos. Sinto que a equipe sentia um pouco do que o cliente sentia, ou seja, eles sentiam uma atmosfera familiar e não apenas a tensão do serviço. É possível fazer um estudo sobre o impacto das visitas musicais para o profissional de uma UTI. Tenho certeza que os resultados serão fantásticos e a visita será produtiva.
O uso da música com finalidade terapêutica não é uma abordagem nova. Qual a primeira documentação que se tem a esse respeito?
Platão e Aristóteles seriam os precursores da música terapêutica, ao falarem e receitarem música; dizendo que ela não havia sido dada ao homem com o objetivo de afagar seus sentidos, mas sim para acalmar os transtornos da sua alma. Caminhando pela história encontramos relatos de que os egípcios a utilizavam, e todos os autores citam também a passagem bíblica da música curativa que era efetuada por Davi diante do rei Saul.
Quais os cuidados que se deve ter na introdução desse recurso num ambiente de UTI?
É importante observar a particularidade e a aceitação de cada cliente. Tem que ser respeitada a sua vontade, pois ele pode não aceitar as visitas musicais. É necessário pesquisar cada cliente e família para saber seu gosto musical, e o mais importante, para que essa visita seja terapêutica deve ser sucinta, evitando o estresse e o cansaço.
Quais foram os instrumentos musicais utilizados na sua pesquisa?
Em alguns clientes, geralmente os que gostam de músicas mais clássicas, o instrumento utilizado foi o Violino, por eu já saber tocá-lo. E utilizei também um aparelho de mp3 em outros clientes.
Que parâmetros foram utilizados para a análise dos resultados?
Para os clientes lúcidos, a análise dos dados foi dividida em 5 categorias:
1ª – A sensação da internação em uma UTI.
2ª – Os incômodos presentes no ambiente de uma UTI.
3ª – As visitas musicais na UTI.
4ª – O pensamento presente no momento da visita musical.
5ª – A análise dos sentimentos trazidos pelas visitas musicais.
Para os clientes sem possibilidade de resposta verbal ou em coma, os parâmetros analisados foram os sinais vitais e a observação.
Que conclusões foram extraídas dessa experiência?
Através das entrevistas coletadas foi revelado o potencial que a música tem de estimular os clientes, promovendo um momento lúdico no ambiente hospitalar, proporcionando assim relaxamento e bem estar, podendo deixá-los menos propensos a criar conflitos, além de proporcionar uma maior integração entre eles e o ambiente. Foi possível observar alterações consideráveis através de alguns sinais vitais, como níveis de pressão arterial e saturação de oxigênio. Principalmente nos clientes não responsivos, onde a observação se fez relevante, ao observar o semblante de cada cliente, trazendo-o de um período de prostração e inserindo-o no ambiente.
A direção do hospital teve acesso aos resultados?
Sim
Em nossa região (Sul Fluminense, Estado do Rio de Janeiro, Brasil) algum hospital já adota esse recurso?
Não.
Considerando-se os bons resultados obtidos, o que seria necessário para a adoção e/ou ampliação dessa prática nas UTIs?
Conscientização e amor são as palavras chave, a meu ver. Hoje em dia vemos que os hospitais pensam de forma mais humanizada, pois encontramos várias UTIs que já possuem o apoio emocional através dos psicólogos. Isso é um progresso importantíssimo dentro de uma UTI. Mas é importante ressaltar que a música terapêutica ainda não foi tão divulgada, existe um caminho ainda bem longo para trilhar. É necessário que os profissionais se interessem pelo assunto, busquem, estudem, pois todo o esforço será significante diante da satisfação de prestar o cuidado em forma de música aos clientes. Não há nada melhor para a enfermagem do que um sorriso como parte de um agradecimento.
É fácil Larissa, dimensionar a importância do tema. Assim, queremos reforçar nosso agradecimento por nos permitir colocar no site, em pdf, a íntegra do seu trabalho. Esperamos que continue firme na difusão dessa experiência e que num futuro próximo nos apresente sua evolução. Boa sorte!
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Antonio José Moura CALINO (fotógrafo)
CALINO é o artista que agora expõe em nossa galeria de arte. Pedi que enviasse um pequeno histórico sobre sua carreira para que fizéssemos uma breve apresentação. A intenção era, posteriormente, fazer uma entrevista. Então me enviou uma carta; simples e direta como bem sabe ser. Entrevista para que? Veja!
Oi amiga, conforme seu pedido, vamos lá:
Iniciei na fotografia como hobby, quando adolescente e aluno do Colégio Batista, ali na Rua 24, em Volta Redonda, Rio de Janeiro, Brasil. Sabe aquela história da criança que quer ter um brinquedo igual ao do colega? Pois é! Havia dois colegas que já fotografavam nas inúmeras excursões e atividades que o colégio realizava, e eu ficava desejoso de também “brincar” de fotografia… Eram eles Ulisses Barroso Filho (hoje médico), e o filho do reitor, Walter Mc`Neally Jr (que se tornou fotógrafo especializado em publicidade, com estúdio em Nova York). Não sei se ainda continua na ativa.
Com a ajuda dos meus pais e avós adquiri minha primeira maquininha, e já “enturmado” com os dois colegas realizei meu sonho de criança, filiando-me posteriormente ao Clube Foto Filatélico e Numismático de V. Redonda onde além do hobby, passei a desenvolver a fotografia como meio de expressão artística. Lá fui diretor por muitos anos e acabei assumindo o papel de professor de fotografia nos cursos básicos mantidos pelo clube.
Como a fotografia era (é) um esporte caro, eu como bancário (era minha profissão) tinha dificuldades em manter o hobby; então gradativamente comecei a comercializar pequenos serviços, como fotografar aniversários, casamentos, etc.
Naquela época não havia escolas de fotografia e o grupo que eu frequentava era igualmente limitado nos conhecimentos técnicos; mas por correspondência tive um grande mestre, chamado Paulo Pires da Silva, de São Carlos-SP, que desde 08 de março de 1960 (sim, tenho TODAS as cartas), passou a ser meu professor através das trocas de correspondências: eu perguntava e ele respondia… rss. Ele, que era professor na faculdade de São Carlos, certamente foi o fotógrafo amador mais premiado no Brasil em salões fotográficos nacionais e internacionais; nunca se dedicando à fotografia profissional.
E, experimentando aqui, perguntando ali, velando filmes e queimando papéis fotográficos, deu essa figura que o resto você já sabe.
Está bom ou quer mais?
Calino.
Membro do Clube Foto Filatélico Numismático de V. Redonda – CFFNVR Membro da Confederação Brasileira de Fotografia e Cinema – CBFC
Membro da Federation Internacionale de L’Art Photographique (FIAP – entidade reconhecida pela UNESCO), situada na cidade de Berna – Suíça, onde conquistou o Título Honorífico Internacional.
Principais Participações e Premiações:
-X Bienale FIAP em Bordeaux-France -IV Int. Foto Club Salon em Viena-Áustria
-Medalha de ouro no V Salão FAB – Portugal
-Prêmio de Melhor Obra Estrangeira no I Salon Sudamericano de Matanza-Argentina
-Medalha de Bronze no 1° Salão Nacional da Soc. Brasileira de Belas Artes-Rio de Janeiro, Brasil.
-Medalha de Ouro no 6° Salão do Museu de Arte Contemporânea em Campinas, São Paulo, Brasil.
-Dezenas de outros prêmios, medalhas, troféus e menções honrosas em participações de Salões Fotográficos nacionais e internacionais.
Exposições Individuais:
-O Barroco Mineiro -Barroco Mineiro
- Olhar e Vertigem
-O Quebra Nozes
-New York City – 45 imagens.
-Fantasias
-Viagem ao Centro da Terra
Visite a exposição em www.pessoabonita.com.br
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Lavinia Cazzani (cantora-compositora)
PB- É um prazer falar com você Lavínia, e uma honra ter acesso à riqueza dos seus trabalhos. A entrevista é uma forma de atender um pouco a nossa curiosidade e poder compreender melhor suas obras. Você vivia em um ambiente musical?
LC- Sim, vendo minhas primas tocando piano, fiquei encantada, e resolvi começar a aprender música.
PB- Houve alguém ou algum fator responsável pelo desabrochar da sua vocação?
LC- Não. Foi iniciativa pessoal.
PB- Quando teve início sua produção artística?
LC- Em 1984.
PB- Além da música, sua formação se estende para outras áreas?
LC- Sou formada em Psicologia pela Universidade Gama Filho.
PB- O que resultou do conjunto dessa formação? Em que medida a Psicologia influenciou o seu desenvolvimento musical?
LC- O estudo de Psicologia não influenciou meu desenvolvimento musical. Foram momentos estanques na minha trajetória profissional.
PB- Quais foram as pessoas que tiveram maior influência na sua formação?
LC- Flávio Paiva, professor particular de Percepção Musical e Piano; Edu Morelembaum, professor de Piano; João Carlos Assis Brasil, professor de Composição.
PB- João Carlos Assis Brasil a define como uma compositora de forte personalidade e originalidade; dizendo que seu estilo vai do jazzístico à vanguarda. O que motiva suas criações e o que determina sua tendência musical?
LC- Minha força criadora advém, fundamentalmente, da Música Impressionista de Debussy.
PB- Mãe do Redentor, de extrema delicadeza, é sua última produção fonográfica, revelando inspiração religiosa sobre canções sacras de sua autoria. De que forma a religiosidade vem influenciando suas produções?
LC- De 2006 até hoje, como um chamado de inspiração religiosa, criei dezenove composições sacras para Maria Santíssima, motivadas pela minha pessoal devoção mariana.
PB- Duas de suas músicas foram incluídas na novela “O Cravo e a Rosa”, na Rede Globo. Quais foram essas músicas e em que medida essa exposição influenciou na divulgação do seu trabalho?
LC- As canções foram “Heidelber” e “Faisão”, todavia não houve desdobramentos dessa exposição.
PB- E como é aparecer como verbete no dicionário de Ricardo Cravo Alvim (página 228)?
LC- É para mim motivo de grande orgulho.
PB- Para a exposição que brevemente exibiremos em nosso site www.pessoabonita.com.br , escolhemos o CD Brasilianas. Conte-nos um pouco sobre a história dessa produção.
LC- Brasilianas representa uma coletânea de composições instrumentais produzidas anteriormente, selecionadas de acordo com critérios de influências composicionais, a exemplo de Budapest, Exercício Modal, Nicodemus e Heidelberg como representações impressionistas.
PB- Obrigada por nos conceder essa entrevista Lavínia. Certamente essa preliminar nos deixará mais próximos de “Brasilianas”.
Até breve então, e um grande abraço.
Conheça um pouco mais sobre a cantora e compositora Lavinia Cazzani no site http://www.dicionariompb.com.br/lavinia-cazzani
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