• Bárbara Aragão – Escritora e Artista Plástica

    Data: 29/04/2011 | Categoria: Entrevistas | Tags:

    Bárbara Aragão Couto tem 24 anos, mora na cidade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro – Brasil, é advogada e atua na área tributária. Sempre dedicada às artes e apaixonada pela leitura, passou a infância no atelier do pai, entre pinturas e esculturas.

    Sensível, inteligentemente eclética, e muito estudiosa, participou de diversos cursos, aperfeiçoando-se tecnicamente e mergulhando cada vez mais na prática literária, com ênfase nos contos e na poesia.

    Ispirando-se nas obras de Pablo Neruda, Carlos Drumond de Andrade e Felipe Couto, não demorou a construir sua marca, onde cada vez mais letras e imagens se aliam numa prodigiosa conspiração poética.  

    Em primeira exibição fora do seu blog, temos o orgulho de expor seus trabalhos na Galeria de Arte do www.pessoabonita.com.br

    Um privilégio acompanhar os seus passos…

     …Um grande prazer Bárbara, ter você no nosso site. Sempre garimpando preciosidades, você foi um valioso achado. Obrigada!  

    Obrigada digo eu, fico muito satisfeita de podermos fazer essa exposição! 

    Pegando a ponta da sua história, quando e onde você nasceu? 

    Nasci em Barra Mansa, em 1986, e vivi aqui até os 18 anos, quando me mudei para Niterói para fazer faculdade. 

    Como teve início o seu interesse pelas artes? 

    Meu pai pintava quadros e fazia muitas esculturas. Quando eu era pequena, ele tinha um atelier enorme ao lado da nossa casa, que tinha uma quantidade interminável de objetos feitos com diversos tipos de materiais. Falo que lá em casa não existia lixo, existia matéria prima. Cresci vendo isso e vi que gostava. Acho que está um pouco no sangue também, rs. 

    Tendo então como cenário o ambiente do atelier, fale-nos um pouco da sua experiência ao lado do seu pai, também artista plástico. 

    Eu passava muito tempo lá, aprendi a pintar e já me arrisquei com esculturas também, mas sempre gostei mais do desenho, que pode ser feito a qualquer momento e em qualquer lugar. Acho que é uma forma de expressar emoções e pontos de vista sobre o mundo. Fazer isso de uma forma rápida, em qualquer lugar, torna o resultado mais fiel ao que se quer passar.  

    E como foi transitar precocemente pelas páginas da literatura; quais as primeiras impressões marcadas nesse trajeto? 

    Ah, eu levava livros para todo lugar que ia. A literatura não tem limites, dá para viver de tudo e conhecer coisas que a gente nem sabia que existia. Pode-se viver um romance, um homicídio, um drama, basta ter um livro bom na mão. Como eu era bem quietinha, aprendia mais com a leitura que com a experiência. Neste ponto, um autor muito importante foi o Paulo Coelho, que mostrava personagens aprendendo as coisas na vivência, na experiência. Hoje ainda amo a literatura, mas tento conciliá-la à vida, deve haver um equilíbrio entre teoria e prática. 

    Sabemos que aos 07 anos de idade nasceu sua primeira poesia. Em que circunstância isso ocorreu? Apresente-nos a ela! 

    Rs., essa história é engraçada. Era um trabalho de colégio da 1ª série, tínhamos que escrever um comercial de venda por telefone, do tipo “ligue 0800 e adquira já sua nova máquina de fazer sucos, que também é uma batedeira e pode se transformar em um fogão”, rs. Eu acabei fazendo uma poesia, que foi para o jornalzinho do colégio e está emoldurada até hoje no meu quarto. Não costumo mostrá-la, mas está aí. 

    Trabalhando anúncio 

    Disque 0800 da alegria. 

    Vende-se tristeza por alegria. 

    Para aproveitar o dia. 

    Disque 0800 da felicidade. 

    Troco pesadelo por sonho. 

    Porque não agüento mais acordar assustada. 

    Disque 0800 da união

    Compra-se muita felicidade. 

    Porque não agüento mais viver triste. 

    Disque 0800 da vida. 

    Procura-se unidade. 

    Pois não sei viver sozinha. 

    De lá para cá 17 anos transcorreram. Hoje, aos 24 anos, você nos apresenta um trabalho maduro, com um estilo bem definido, poeticamente lúcido, inteligente, crítico e emocional. Envolvida nessa construção, como foi transitar pela adolescência? 

    Essa fase me deu muitos subsídios para definir um modo crítico de enxergar as coisas e de botar isso no papel. Nesta época eu comecei a ter uma visão crítica das coisas e escrevia para contestar as religiões e a sociedade. Agora tenho uma postura menos radical e, mesmo com críticas, procuro ver um lado bom nas situações. Vi que dá para escrever sobre coisas leves também. Hoje em dia os poemas que mais gosto são esses.   

    E de onde vêem suas influências, suas principais fontes inspiradoras? 

    Gosto da intensidade de Pablo Neruda e de um livro do Carlos Drumond de Andrade que se chama “Amar se aprende amando”. Pra mim, o amor é a fonte de tudo e é sempre bom escrever sobre ele. Tirando esses clássicos, tenho um apreço pelo poeta Filipe Couto, que vem com uma poesia suave, o que não se vê muito hoje em dia.              

    Apresentando o seu trabalho a um dos nossos consultores - Ernani de Melo Mazza - professor de português e literatura, assim ele reagiu: “Não sei o que é melhor, se as poesias ou as ilustrações. Fiquei louco com os desenhos e gostei imensamente das poesias”. E finalizou com a pergunta que lhe repasso: “Para você o que é mais prazeroso, escrever ou ilustrar, já que faz as duas coisas tão bem”? 

    Ilustrar é um prazer imenso. Escrever é uma libertação. Na exposição, as ilustrações vêm para aumentar as possibilidades de interpretação das poesias. Para mim, os dois se completam. 

    Você cursou a faculdade de Direito na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, Rio de Janeiro. Hoje atua na área tributária. Como se processou essa escolha e como se ajustam a poesia e as artes plásticas dentro desse contexto? 

    Penso que todo ser humano é plural, tem vários lados. Hoje em dia se fala muito em especialização, o que é útil, mas acaba prejudicando o desenvolvimento do individuo. Acho que é preciso conciliar dom, vontade e necessidade, mesmo que em áreas diferentes. Não consigo entender a figura fordista do homem que só prega parafusos. É desperdício. 

    Numa época em que impera a superficialidade e o individualismo, “Pessoa Bonita” assegura que pessoas melhores fazem o mundo melhor, e investe nesse sentido. O que seu olhar lúcido e poético tem a nos dizer sobre isso? 

    Acho o trabalho do site muito interessante, além de inovador. De fato, trabalhar para melhorar as pessoas tem efeitos concretos na sociedade. O mundo é o que nós somos, em conjunto. Não dá para ser egoísta a ponto de não evoluir ou a ponto de não compartilhar conhecimento. A gente cresce junto. E só assim.

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