• Há que se estar atenta (o)

    Data: 18/04/2011 | Categoria: Livre | Tags:

    Pouco antes do ocorrido na escola de Realengo, RJ, conversava com uma pessoa sobre a progressão das cenas de violência exibidas na TV.

    Há algum tempo noticiava-se o episódio com fotos discretas dos envolvidos; posteriormente mostrava-se o local do ocorrido com manchas de sangue; mais tarde os cadáveres cobertos por plásticos pretos… Então completei: não falta muito para que retirem o plástico. Ela finalizou: você ainda não viu? Já retiraram!

    Dois dias depois assisto ao jornal das 20h 30min em um canal de TV. O jornalista, com voz grave e solene, anuncia “as imagens de horror” a que iríamos assistir. Confesso que tudo o que vi passou longe daquilo que acreditei ser possível no horário proposto…

    Nas imagens e narrações, cenas degradantes e de desespero das vítimas e pessoas atordoadas, ainda sem noção clara de tudo a que se submetiam. Sem o direito de dizer aos jornalistas “não quero” tiveram suas vozes e imagens usadas, estampadas nacionalmente, internacionalmente, ilustrando um enredo de apelos e manipulações sensacionalistas e inconsequentes, destituído de valor ético e qualquer sentido lógico que pudesse justificá-lo.

    Durante a semana o foco esteve no rapaz autor da tragédia. Fizeram-nos crer que tão somente sua mente insana desencadeou a crueldade da ação…

    Fora do foco passou despercebida a insanidade dos gestos que conduziram câmeras e microfones, rumo à intensa e desenfreada busca pelo maior índice de visibilidade e audiência.

    Quanto à reflexão sobre a exploração dos fatos? Apenas há que se estar atenta (o) aos calos na alma que nos produz… Na busca genuína por uma sociedade pacífica é preciso aguçar o nosso senso crítico, é preciso estar rigorosamente atenta (o).

        Tenha uma ótima semana!

        Abraços,