• Entrevistando Ana Cristina Maciel

    Data: 17/03/2016 | Categoria: Entrevistas | Tags:

    Obrigada, Ana Cristina, por aceitar o nosso convite e nos prestigiar com os seus belos trabalhos.

    Quando e como você iniciou sua trajetória nas artes plásticas? Quais foram os fatores determinantes e as suas principais influências?

    O Pessoa Bonita me parece um espaço muito bacana e democrático de divulgação artística, obrigada pelo convite!

    Eu considero o início a partir dos meus 15 anos, mas desde pequena me sentava ao lado do meu irmão mais velho para desenhar. A mesa em que a minha mãe pintava seus vidros, quadros, e que vivia cheia de marca de tinta, sempre me fascinou. Aos 15 comecei a perceber que dedicava mais tempo a criar do que a qualquer outra coisa, e minha paixão era o teatro. Através dele surgiram os bonecos, que eu mesmo fazia, e o papel machê entrou de vez na minha vida. Expressam brasilidade, pois sempre admirei a cultura popular brasileira, com suas cores e sua capacidade de improvisação.

    Quem chegou primeiro, a artista ou a pedagoga?

    A artista, sem dúvida! Escolhi a pedagogia por já atuar como arte-educadora em projetos; foi uma escolha intencional para que me auxiliasse nas oficinas.

    Em que sua experiência como artista influencia sua atuação como pedagoga, e em que sua experiência como pedagoga influencia sua atuação como artista?

    Eu sempre me envolvo em projetos de arte-educação, portanto ambos têm uma importância muito grande e um permanentemente complementa o outro.

    O que mais lhe encanta, os traços, as cores e/ou as formas?

    Inicialmente as cores me motivavam mais que tudo, hoje percebo que meu processo valoriza mais os traços e as formas… Mas as cores exigem o seu retorno e eu me pego novamente encantada por elas… O processo é dialético.

    Fale um pouco sobre suas oficinas de arte… Finalidade, público alvo, número de participantes, faixa etária, etc.

    Eu me envolvi em diversos projetos de arte para públicos diversos e com uma variedade de parceiros. Atualmente me dedico mais ao meu atelier e à minha produção, mas pretendendo abrir as portas oficinas de vivências e cursos.

    Que contribuições a arte oferece ao modelo educativo atual?

    A arte sempre contribui, mas a maneira como é exposta por vezes pode não abranger a sua incrível potencialidade. Ela deve romper barreiras, padrões, conceitos, mexer, chacoalhar, fazer com que os nossos olhos alcancem até o que não pode ser visto, e isso é preciso constar no currículo.

    Que elementos você utiliza na técnica de papel machê e que sugestões daria a quem quer aprender sobre ela?

    Eu sempre levantei a bandeira para a reutilização de materiais, e na minha técnica reaproveito muitas coisas para transformar em outras. Desde o papel até as estruturas das esculturas, surgem de materiais que eu mesma coleto, a partir do meu consumo no dia a dia. Aprendo até hoje. A dica é fazer, experimentar, tentar de novo… Só a experiência de colocar a mão literalmente na massa é que nos faz dominar a técnica, que é aprimorada a cada tentativa, erro, acerto…

    Que elementos costuma utilizar na técnica mista?

    Eu a utilizo muito nos desenhos, misturando colagens, tinta e nanquim. Eu gosto de inventar, de unir materiais, e toda vez que inserimos mais de um elemento no desenho, denominamos de técnica mista.

    Mulheres faceiras, alegres e coloridas, são muito retratadas em suas obras. Elas são reais ou foram inventadas?

    Elas fazem parte do imaginário, mas com certeza algumas características, mesmo que inconscientes, são retiradas de observações. Eu sou otimista quando retrato os personagens, mas sou um pouco pessimista na vida real. Rss. Acho que o mundo e seus conceitos caminham para um colapso e retratar mulheres coloridas, meigas, alegres, me faz acreditar, mesmo que por um instante, em um mundo menos cruel.

    Do que falam as suas obras e onde podemos encontra-las?

    As minhas obras falam o que penso ser o que as pessoas querem ler. Acho fundamental as diversas interpretações despertadas por uma mesma obra, isso me fascina! Para mim elas falam de esperança, meio ambiente, respeito, pequenas alucinações, sonhos, flores e fé.

    E quem quiser conhecer mais é só visitar o meu site: http://anacristinamaciel.com/ ou a minha página no facebook: https://www.facebook.com/anacrispapelmache

    Obrigada e parabéns pelo belo trabalho, Ana Cristina! Um grande prazer ter você na nossa Galeria de Arte: http://www.pessoabonita.com.br/artista.php?id=78&tipo=2