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Mãe de um AUTISTA… Com muito orgulho!
Sou Cynthia Flores, mãe do Gabriel e do Daniel, essa criança linda da foto.
Meu objetivo com esse texto é partilhar as lutas contra os tabus e o preconceito; nossas dificuldades no dia a dia, mas, principalmente, a riqueza que a convivência com um autista acrescenta em nossas vidas…
Sempre me perguntam:
- Qual o diagnóstico do seu filho?
Eu digo: – Autismo Severo… Mas isso é somente um rótulo…
Quando foi feito o diagnóstico, tudo se desmoronou à minha volta. Senti um peso de dor enorme. Angústia, sensação de frustração, um vazio… Foi um perÃodo muito difÃcil. Estar com o Daniel nas sessões, ouvir tudo o que me diziam sem me pouparem dos pormenores… Muitas vezes os meus pensamentos se misturavam com as vozes dos médicos; e eu só queria sair dali.
Mas, se foi muito difÃcil enfrentar esse perÃodo, hoje sinto muito orgulho por ter conseguido superá-lo.
Conviver com um filho autista faz da sua vida uma caixa de surpresas. Tenho de reconhecer, não é fácil! Mas quando vejo um sorriso, ganho um beijo espontâneo; quando escuto uma palavra, ou mesmo um som que signifique uma vontade, um pedido; quando sinto que ele raciocinou para fazer alguma coisa… A onda de felicidade que me toma, é inexplicável.
Daniel frequenta escola regular, onde todos fazem um esforço enorme por ele. Não tenho problemas com os pais e as mães de outras crianças, pois todos foram esclarecidos quanto à sua condição. Os funcionários da escola estão sempre buscando aprender mais sobre ele e suas caracterÃsticas.
Cada dia é um dia, cada passo é um passo. A minha esperança é a minha força para lutar.
É muito gratificante ver a evolução, constatar as diferenças e essencialmente viver e sentir os momentos e emoções que essas crianças conseguem nos transmitir; fazer ver, sentir e viver!
Se por um lado, quando tem as crises, mostra todo o seu lado agressivo, por outro, consegue nos dar um amor desinteressado e verdadeiro.
Hoje olho para ele e, à sua maneira, percebo-o como um menino normal. É especial porque consegue ensinar-me muita coisa, mostrar-me a beleza nas pequenas conquistas. Consegue tirar o melhor de mim e isso me deixa muito feliz… E com força para continuar essa luta e mostrar ao mundo, à nossa sociedade, que eles também têm direitos, eles também podem ser felizes, apenas de uma maneira diferente da nossa… Não é necessário serem excluÃdos! São capazes de fazer muito.
Por reconhecer o privilégio dessa convivência, me orgulho de mostrá-lo a todos! Jamais tive vontade de escondê-lo do mundo.
Realmente existem situações embaraçosas e desagradáveis. Quando, por exemplo, sem motivo aparente decide jogar ao chão tudo o que está à sua volta, ou começa a bater em quem se aproxima dele, reconheço que muitas vezes parece ser um menino malcriado, mas não é! Se tomarmos atenção, em vez de criticar ao primeiro grito que ouvimos dele, conseguimos perceber que não é um menino malcriado, mas sim um menino que está ansioso por algum motivo. Nosso foco deve estar naquilo que motivou essa ansiedade, e procurar contorná-lo.
Tudo o que escrevo, por enquanto, parece-me que só é entendido por alguém que passe ou já tenha passado pelo mesmo que nós. Mas, acredito na expansão desse entendimento, na capacidade de sensibilização da nossa sociedade, e luto por isso.
Texto de Cynthia Flores - New Midia – Barra do PiraÃÂ / RJ
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