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Dia dos Pais
Tem muito pai bacana nesse mundo, como o meu, por exemplo. Pensando nisso, quis falar sobre esse dia.
Li na internet (fonte – Wikipedia), que a origem é bem antiga; mais de 04 mil anos atrás, lá na antiga Babilônia, quando um jovem, chamado Elmesu, moldou em argila um cartão em que desejava sorte, saúde e longa vida ao seu pai.
Milênios depois, já em 1909, a americana Sonora Luiza, escolheu um dia especial para homenagear os pais, motivada pelo orgulho que sentia do seu, William Jackson Smart, que, sozinho, criou ela e mais cinco irmãos, após a morte da esposa, decorrente do último parto. Como ele era um ex-militar combatente, a filha representou a homenagem através de rosas… Vermelhas, para os vivos… Brancas, para os mortos.
Em 1972, o presidente americano Richard Nixon oficializou como data comemorativa o terceiro domingo de junho; opção adotada por muitos outros países.
No Brasil, começamos a festejar a partir de 1953, sempre no segundo domingo do mês de agosto. A determinação dessa data é atribuída ao jornalista Roberto Marinho, para incentivar as vendas do comércio e, por consequencia, o faturamento do seu jornal (O Globo).
As histórias de Elmesu e Sonora me atraem; inspirada em seus conteúdos, elaboro a minha homenagem virtual a você.
Observe que, quanto às rosas, ampliei a gama de cores, pois há aqueles que, como o meu irmão, se fizeram pais pelo coração, e é justamente aí que identifico o verdadeiro sentido da palavra.
A você, ao seu pai, que o dia de hoje seja pleno de carinho e de reconhecimento! É o que desejo.
Com um grande e forte abraço,

PS: há um pai que diante da pergunta “Como está?”, sempre responde “Normal”. Não o conheço. Mas, que nessa linha da normalidade hoje se faça um desvio, trazendo mais brilho aos seus olhos… É o que também desejo.
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Sobre a sentença do Lucas…
Vira e mexe recebo arquivos falando sobre como os contos de fada são politicamente incorretos. E aí…
Hoje o Lucas, essa fofura da foto, e de apenas 03 anos, apareceu na casa dos meus pais para uma visita.
Estando lá, e achando que iria agradar, resolvi lhe contar a estória do Chapeuzinho Vermelho.
Logo que comecei, me lembrei dos tais arquivos. Influenciada pela lembrança, resolvi mudar o rumo da estória e disse que o lobo mau, entrou na casa da vovozinha, a trancou no armário, vestiu a roupa dela e se deitou na cama esperando a chegada do Chapeuzinho…
…Passando pelo nariz tão grande, pelas orelhas tão grandes, pela boca tão grande… Contei até o fim, me achando o máximo… Com a consciência tranquila e cheia de criatividade.
Ele silenciosamente me observando.
Quando terminei, olhou bem sério pra mim e disse exatamente essa frase:
- Amanhã vou vim aqui com uma faca e vou cortar a sua boca.
Olhei pra ele com cara de espanto e perguntei por que.
- Vou cortar a sua boca porque você falou mentira. O lobo mau não trancou a vovozinha no armário. Ele comeu a vovozinha.
Entendi o raciocínio dele, e acho que a bronca foi bem aplicada, pois muito pior que comer a vovozinha na estória é falar mentira de verdade. Só que se a sua sentença virasse lei, do jeito que anda o mundo, temos que admitir… Ah Lucas! Você nem faz idéia… Haja faca!!!!!
Um bom dia pra você!

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Receita para a Dona Regina
No dia 28 de outubro nos reuniremos para comemorar mais um aniversário de formatura; já estamos nos planejando.A cada contato, seja virtual ou presencial, voltamos aos 20 anos. Se você vive ou já viveu experiência semelhante, saberá do que estou falando. Não foi diferente na semana passada, quando Márcia, Ruth e eu, nos encontramos.
A passagem do tempo, somada ao distanciamento, tem esse poder de filtragem. No nosso caso, como bem afirmou a Ruth, ficou só o amor. Talvez porque, de certa forma, acabamos por nos tornar meio irmãs e irmãos, resultado do longo tempo de convivência, construído por experiências e objetivos compartilhados.
O que houve de ruim ficou retido no passado, o que houve de bom, foi depurado pela maturidade. Estamos melhores, não importando como; é o que idealizo e desejo.
E aí, feito meninas - é assim que nos tratamos; já queremos não apenas nos ver de novo, mas também a todos os outros… Nesse querer busquei uma nova receita de bolo, pois, como já lhe disse, me remete a carinho e aconchego. Falei disso com a Ruth e ela, imediatamente, me pediu que a receita fosse passada à mãe dela. Dona Regina, essa pessoa da foto, bonita e elegante, que hoje ilustra o texto.
Aí vai, Dona Regina!
BOLO DE AVEIA E MAÇÃ
Ingredientes:
4 ovos
½ xícara óleoxícara açúcar mascavo
03 xícaras maçãs cortadas em cubo e com casca
1 colher das de chá de cravo da índia
½ xícara das de chá de passas escuras
4 xícaras das de chá de aveia em flocos finos
1 colher das de sopa de fermento em pó
½ xícara das de chá de açúcar cristal
1 colher das de sopa de canela
Como fazer:
Bata os ovos, o óleo, o açúcar mascavo, as maçãs e os cravos no liquidificador. Passe a mistura já homogênea para o liquidificador e acrescente a aveia e as passas. Bata bem e deixe descansar por 05 minutos. Adicione o fermento, misture novamente e coloque em forma untada, polvilhando com o açúcar cristal e a canela. Asse em forno pré-aquecido, em temperatura média (180º C) por 40 minutos ou até ficar corado.
Um grande e amoroso abraço,

PS: ao se referir a mim, decerto a Ruth falará de um suposto episódio ocorrido em um tal tablado. Por favor, não ligue; ela é meio exagerada.
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Leque X Funil
Tenha uma ótima semana!
Abraços,

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Diego Rivera
Ouvi dizer que temos o hábito de carregar dois cestos enormes, um à nossa frente e outro às nossas costas. No da frente depositamos todas as nossas virtudes, no de trás todos os defeitos dos outros. Acontece que costumamos também caminhar em círculo e enfileirados; desta forma, enquanto caminhamos, enxergamos claramente as nossas virtudes, e tão somente os defeitos dos outros… Sabendo disso, de vez em quando é prudente dar uma parada e avaliar o conteúdo dos cestos, assim como a nossa posição na estrada; pode ser que haja uma hora em que melhor será recompor a bagagem, evadir-se do círculo e mudar de rumo… Quem sabe?
E por falar em cestos, lembrei-me de Diego Rivera, artista plástico que nasceu no México, em 1886, e morreu em 1957. Junto com José Clemente Orozco e David Siqueiros, criou o movimento muralístico mexicano, através do qual pretendiam despertar o povo para a grandeza da sua civilização pré-colombiana, reprimida por séculos de opressão estrangeira. O mural era uma forma de popularizar a arte, ao mesmo tempo em que servia de veículo para expressar a história política e social do país.Chama-me a atenção que um artista tão brilhante tenha se embrenhado numa vida amorosa tão descarada… É o que diz a história; parece que aprontou demais, esse Diego Rivera, inclusive com Frida Kahlo, uma de suas mulheres, artista plástica tão admirável, que não tem como eu não me incomodar por ela.
Mas, mudando de rumo, deixo a você o direito de, lendo mais sobre ele, tirar suas próprias conclusões. De minha parte dou uma ajeitada no cesto da frente e incluo suas admiráveis obras… São muitas, e são belas, como as que ilustram o texto. Um presente que lhe ofereço hoje, para que também se inspire com elas.Tenha um ótimo dia!
Abraços,

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A Júlia está certa…
Rebeca é uma personagem que entrou recentemente no www.pessoabonita.com.br/kids, e tem surpreendido com a reação que provoca nas outras crianças. Até então, a Júlia é a mais intrigada.Em um primeiro momento disse ser apenas uma boneca, e reagiu como se não tivesse importância. Ontem perguntei se não havia gostado dela; respondeu dizendo que era muito criativa, muito imaginativa, mas que deveria se comunicar mais, mandar recadinho todos os dias para as outras crianças, enfim, se mostrar mais interessada. Sem querer estender o assunto, finalizou dizendo que o que gostaria mesmo era de entrevistar a Rebeca.
Como eu disse que era uma ótima idéia, hoje cedo me ligou com as perguntas prontas (13; veja lá!). Ansiosa para checar as respostas, disse que a Rebeca era muito rápida, se não respondesse hoje, amanhã cedinho já estaria na internet.
Quando informei que a Rebeca também havia lhe enviado perguntas, ficou irritada, dizendo que precisava saber que era entrevistada, então deveria apenas responder, e não fazer perguntas. E enviou um firme recado: diga a ela que se quiser perguntar é só me chamar para uma entrevista.
Ao final da tarde, com a matéria já no ar, ela me liga dizendo ter aprovado o resultado, que a Rebeca foi muito legal e que agora se sentia mais à vontade com ela, precisando apenas se enturmar mais e conhecê-la pessoalmente. O tempo todo, sua voz era firme e clara; suas frases, diretas e objetivas.
Então, quase sem conseguir parar de rir e de tanto encantamento, vi que, para ela, a Rebeca ser ou não ser uma boneca tornou-se uma questão totalmente secundária, o que prevaleceu foi a constatação de que a nova companheira de blog é muito legal, tem coisas a lhe acrescentar, então vale à pena dar espaço para uma possível amizade com ela.
Uma história simples e encantadora que me lembra os caminhos que permeiam a nossa forma de lidar com as diferenças. Se eles podem ser simples, por que complicar?
Grande abraço,

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Grande Sertão…
O jeito de falar dos desafios muda de acordo com a sensibilidade de quem os experimenta. Uma alternativa é confrontá-los, como bem lembra o escritor João Guimarães Rosa, em sua obra “Grande Sertão: Veredas”…“Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais – a gente levanta, a gente sobe, a gente volta… O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
Entrei no assunto, pois, envolta em desafios, deparei-me com esse texto; não por acaso… Boa oportunidade para sugerir que navegue nas páginas do “Grande Sertão: Veredas”; se ainda não leu, é claro. E se assim for, preciso lhe dizer que possivelmente não será fácil. Um dos livros mais importantes da nossa literatura, onde num jeito muito peculiar, e envolvente (desde que nos adaptemos à linguagem inventada), Guimarães Rosa desnuda a vulnerabilidade humana através dos relatos, conflitos e reflexões, dos intensos personagens Riobaldo e Diadorim.
Trago pra mim a sugestão, oportuna, pois vale a pena prosseguir na viagem e preciso me abastecer… Até!
Tenha uma ótima semana!
Abraços,
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Receita de Caipirinha
Bom dia!
Sobre a feijoada, houve quem reclamasse de um complemento:
A receita de caipirinha.
Justa a queixa.
Inclua no planejamento do próximo final de semana.
Abraços,

Ingredientes
50 ml de cachaça
02 colheres das de chá de açúcar mascavo
Gelo picado
06 fatias de limão
01 boa pitada de bom senso
Preparo
Coloque metade das fatias de limão no copo.
Adicione o açúcar mascavo.
Misture bem, amassando o limão para extrair o suco.
Adicione o gelo picado e complete com a cachaça.
Mexa bem.
Sirva decorada com o restante das fatias de limão.
Beba sem se esquecer do último complemento.
E se assim como eu, você é do tipo detalhista, dirá que na foto há mais de 03 fatias de limão, e que o açúcar mascavo não deixaria o líquido com tanta transparência.
Tem razão.
Mas também me dou conta de que assim como na vida, nem sempre as ilustrações seguem o que propõe o enredo; não raro o melhor é ser menos detalhista, permitindo-se saborear…
Descomplicadamente.
Que assim esteja sua semana!
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Receita de Feijoada
Há muitos anos atrás, circulando por uma livraria na rodoviária de São Paulo, me deparei com o título “A Cozinha Maravilhosa de Ofélia”; um livro de culinária da autora Ofélia Anunciato. Na contracapa a apresentação dizia: “O bê-a-bá para as iniciantes”. Nem precisei ler mais; tinha sido escrito pra mim. Comprei e ela, cheia de talento e muito famosa, morreu sem saber da minha gratidão e do tanto que a admirava.De lá para cá, quando quero me aventurar na cozinha e fazer bonito (o que tem ocorrido bem raramente, confesso), recorro ao livro e arraso.
Véspera de feriado e com esse friozinho, lembrei de você e vou lhe passar a Receita da Feijoada.
E como quero que também arrase, acrescento a dica do Seu Alcir, um ex-gerente do Supermercado Floresta (hoje Supermarket), perto da minha casa.
Ah, Seu Alcir, que saudade! Ele tinha um vozeirão, e todos os dias, exatamente às 18h, declamava uma linda prece, em pleno mercado, citando o nome de alguns, encantando a todos nós. A mim chamava de “minha doutora” e era impossível não ficar toda feliz a cada vez que lembrada.
Um dia, vendo o meu empenho na escolha dos ingredientes, gentilmente me sussurrou um segredo:
- Doutora, se a senhora quiser deixar perfeito no sal, ferva as carnes salgadas cinco vezes. Não pode ser quatro nem seis, pra ficar no ponto tem que ser cinco.
Pois lhe digo que acabou o estresse do “sal a gosto”… Foi tiro e queda. Perfeito no sal e quase nada de gordura. Uma delícia de feijoada e ZERO de culpa.
Quer conferir? Então veja aí…
Ingredientes
½ kg de feijão preto (aconselho 1 kg)
½ kg de lombo de porco salgado
½ kg de costelas de porco salgadas
2 paios defumados
2 pés de porco pequenos
½ kg de orelha e toucinho salgados
½ kg de carne seca
2 linguiças de porco de fumeiro
2 colheres (sopa) de gordura
1 colher (sopa) de alho amassado
4 cebolas picadas
2 tomates sem peles e sem sementes
Pimenta vermelha e do reino
Um amarrado de cheiros-verdes
1 folha de louro
1 língua de vaca (limpa, é claro), cozida e cortada em fatias grossas
Sal (não precisa, se seguir a dica do Seu Alcir)
Como fazer
Ponha, na véspera, de molho o feijão em bastante água. No dia seguinte leve o feijão ao fogo, também em bastante água.
Afervente 05 vezes as carnes salgadas.
Passe o feijão para uma panela grande e junte todas as carnes. Deixe cozinhar até ficar macio.
Faça um bom refogado com as duas colheres de gordura (eu prefiro azeite) e os temperos da receita; junte ao feijão e às carnes, adicionando a linguiça e o amarrado de cheiros-verdes. Deixe cozinhar por mais ½ hora em fogo brando para engrossar o caldo. Prove o sal e pimenta. Sirva com o molho picante (que nunca fiz) próprio para feijoada, arroz branco, couve refogada e laranjas descascadas (sem peles) e cortadas em cubo.
Molho Picante
1 cebola batidinha
Salsa e cebolinha verde
Pimenta vermelha picadinha
Suco de 2 limões
Sal
Azeite e caldo do feijão coado
Misture bem e sirva
Abraços,

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TOMMY & CIA – ARTE EM GRAFFITI
GRAFITE é uma palavra de origem italiana e traduz uma arte que se expressa desde o império romano como inscrições caligrafadas ou desenhos pintados ou gravados sobre uma superfície de parede ou similar.
Incluída no âmbito das artes visuais, mais especificamente arte urbana, manifesta-se predominantemente nos espaços urbanos, interferindo intencionalmente na imagem das cidades.
Tanto no Brasil quanto em outros países frequentemente é confundida com pichação, o que gera grandes controvérsias, já que esta tende a ser vista como vandalismo e contravenção, sendo aplicada como escritos ou rabiscos em superfícies como paredes, muros, chão e monumentos públicos, com frases de protesto, insultos, declarações de amor, assinaturas pessoais, ou simplesmente demarcando territórios entre grupos, utilizando tintas em spray ou em rolo, de difícil remoção.
Em alguns idiomas a palavra graffiti designa os dois tipos de manifestações, o que favorece a dúvida e alimenta a controvérsia. (Fonte: Wikipédia)
Hoje inauguramos na nossa Galeria de Arte a exposição das obras em grafite do artista TOMMY (Roberto Teixeira Ribeiro Junior), de Volta Redonda, cidade do Estado do Rio de Janeiro, algumas em co-autoria com os artista Rfire, Tura, End, Dejah, Break e Kajaman. Na entrevista abaixo ele nos falará um pouco sobre o seu trajeto, ajudando-nos a compreender melhor essa bonita, peculiar e ousada forma de expressão. Leia!
É um grande prazer estar com você aqui, Tommy, e poder exibir esses belos trabalhos. Quando e como foi despertado em você o interesse pelo grafite?
O meu contato com o grafite foi despertado a partir da vivência com outras práticas artísticas, como pintura e artesanato. Na época do colegial experimentei o spray praticando algumas pichações, e o apego a esse material foi surpreendente, o que me levou a buscar mais informações e conhecimento sobre o assunto. Na época recursos como revista, livros e internet, assim como o contato com os artistas mais experientes, era muito restrito.
Embora quase sempre tida como contravenção, muitos grafiteiros famosos trazem em sua história, assim como você, a prática da pichação. O que tem a nos dizer sobre isso?
Opiniões diversas também são geradas no meio artístico dos grafiteiros; uma delas é que a pichação não deixa de ser uma arte, um estudo, apesar do rótulo de vandalismo como assim entende a sociedade. Particularmente não defendo o ato, mas sim o estudo a esse respeito. Como você mencionou, grafiteiros famosos tiveram essa prática, e ainda hoje conheço muitos que a adotam. Nos anos 80 e 90, podemos dizer que quase todos os grafiteiros tiveram esse contato com a pichação como ato de protesto; já nos dias de hoje notamos que a maioria dos artistas que estão se inserindo nesse meio, quase nunca tiveram essa experiência; grande parte dos novos artistas surge de oficinas, eventos nos quais eles se deslumbram não pela pichação mas sim pelo grafite como arte e forma de ganhar a vida.
Sabemos que realiza projetos de grafite para prefeituras. Qual a razão desses projetos e como acontecem?
Antes não gostava muito de trabalhar para prefeituras, pois em geral nos propunham serviços que apenas davam visibilidade, sem haver uma preocupação com a qualidade e a formação das pessoas. Com o passar do tempo e tendo esses projetos como uma fonte de renda, pensei em continuar fazendo, mas dentro de uma proposta que não entrasse em conflito com a minha visão e os meus objetivos; foi uma “briga” muito grande conseguir mostrar que desses projetos podem sair pessoas com dons surpreendentes, sejam eles artísticos ou até mesmo políticos. O meu objetivo maior com esses projetos é proporcionar às pessoas um aprendizado através da vivência desse recurso, lembrando que sempre nos deparamos com crianças que dificilmente teriam algum contato com esse tipo de arte. Não gosto de formar opinião, mas sim de auxiliar essas pessoas a desenvolverem suas próprias opiniões, já que grande parte do nosso público alvo são crianças e adolescentes.
E como se manifesta a receptividade dos alunos na prática do grafite através de oficinas nas escolas?
Trabalhar com criança é uma forma de você esquecer problemas pessoais, esquecer dívidas rss, e algumas outras dificuldades. Uma grande parte das escolas de Volta Redonda tornou-se adepta a disponibilizar isso para as crianças; não posso responder o retorno que cada escola tem com os projetos, porém o meu retorno é cada dia diferente, é vibrante, é de orgulho em saber que crianças saem de casa para simplesmente brincar e aprender na aula do tio do grafite. Trocar conhecimento com esse público é uma coisa que fortalece cada dia mais o meu conceito sobre arte e sobre o meio em que vivo. Quando vamos apresentar o projeto para as crianças, de cada 30 alunos dentro da sala de aula, 31 querem participar das aulas; acho que isso responde um pouco, certo? rss. Claro que cada aluno absorve o que quer e da forma que ele quer, embora a apresentação didática seja igual para todos, mas é muito gratificante ver o retorno de cada projeto.
Considerando o preconceito que ainda há em relação a essa arte. Como você lida com isso?
Quando eu comecei a grafitar em Volta Redonda no ano 2000, em qualquer muro que eu estivesse trabalhando era sujeito a repressão de policiais e até de alguns moradores. Já tive que apagar muito trabalho pronto, e é um gasto muito grande de material, que é caro e quase sempre sai do nosso bolso. Depois de alguns anos, o grafite foi tomando um rumo diferente na cidade, a maioria das pessoas que passa por nós na rua na hora em que estamos trabalhando, observa e diz: – Olha os meninos do grafite ali! Ainda ouvimos alguns dizerem que são os pichadores, mas isso está mudando, já não é a grande parte, pelo menos aqui na região. No dia 26/05/2011 foi publicado no diário oficial da união uma Lei sancionada pela presidente Dilma Roussef que diferencia a pichação do grafite, o que foi uma boa conquista.
O grafite para você é uma paixão que se tornou um ofício. Como o mercado recebe esse “produto” na atualidade? Em que segmentos ele é mais requisitado?
Hoje o grafite dita moda, seja ela têxtil, seja com exposições, ou como decoração de ambientes. Muitos trabalhos vêm sendo desenvolvidos por grafiteiros; grandes empresas estão trabalhando em parceria para fornecer ao público aquilo que ele mais consome. Alguns artistas, de Volta Redonda, saíram e foram morar na capital por conta de trabalho; desenvolveram estampas para empresas como CANTÃO, RESERVA, TACO, entre outras. Eu ainda não tive o interesse e a oportunidade de trabalhar com essa área têxtil em grandes empresas; tive apenas alguns trabalhos realizados para a CLARO TELEFONIA, com a criação de adesivos para celular. Hoje, aqui e em outros países, o segmento mais requisitado é o têxtil; criação de estampas para camisas, calças, meias, casacos, tênis, chuteiras, chinelos e outros.
Que materiais vocês habitualmente utilizam?
Spray – Tinta látex – Rolo de pintura
Tratando-se de uma prática aplicada em superfícies (paredes, muros, etc.) que geralmente pertencem a outras pessoas; como se processa a permissão ou concessão de uso?
Conversando… Chegamos a uma determinada residência com um muro que nos agrade e oferecemos nossa pintura. Alguns anos atrás era quase impossível conseguir um muro para pintar, hoje é quase tudo mais acessível; alguns já nos relataram que ficavam contando para pedirmos o muro deles.
Como prefere executar seus trabalhos, em grupo ou individualmente? Por quê?
Prefiro trabalhar em grupo, pois a atividade compartilhada acrescenta conhecimento; trocamos informações o tempo todo; reforça os vínculos de amizade e nos diverte.
O que mais inspira o seu processo de criação?
Cor e forma; gosto de elementos ornamentais e abstratos. Gosto de estudar Art Nouveau, e sempre ler obras de artistas nacionais; gosto da forma cultural que Carybé retrata seus trabalhos, gosto da composição de formas da Tarsila do Amaral.
Nos trabalhos em grupo como se dá a escolha do tema a ser abordado?
Se dá no dia e na hora… rss; vai de acordo com o que cada artista possui de material no momento, aí sim propomos um tema em conjunto. Na maioria das vezes usamos um repertório de criação individual, cada um pensa no seu trabalho, porém pensando também nos recursos que o outro artista possui. É difícil propormos um tema grande e antecipadamente por conta de material; spray é muito caro, e produzir uma temática leva tempo e muito gasto, em geral custeado por nós mesmos.
Muito obrigada pela entrevista, Tommy! Parabéns a você e aos seus colegas pelo belíssimo trabalho que nos apresentam.
Vá ao www.pessoabonita.com.br e visite a exposição!
* Para ler e postar comentários, clique sobre o título.
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