Pessoa Bonita / Blog - Um lugar para quem quer se cuidar e crescer com sensibilidade e inteligência
  • Com mais de Trinta

    Data: 14/03/2011 | Categoria: Livre | Comentários: 11

    Quem viveu na década de 70 deve se lembrar da música “Com Mais de Trinta”, composta e lançada, em 1971, pelos irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Nela dizem que não devemos confiar em quem tem mais de trinta anos, mais de trinta ternos, mais de trinta vestidos… Na época, ainda longe dos trinta, achei a letra um tanto radical, talvez temerosa por fazer parte de um grupo não confiável quando alcançasse o marco sugerido. Hoje, bem além, compreendo melhor o que diz.

    Para que me entenda preciso lhe dizer que tenho uma irresistível atração por crianças, uma espécie de encantamento pela forma sábia e inteligente com que conduzem e expressam sua criatividade e seu raciocínio. Nelas deposito os meus sentidos mais atentos e na fonte que transbordam me reabasteço, agradecida, repetidas vezes. Por isso me incomoda a forma inconsequente com que grande parte de nós adultos, quer seja pela ação ou pela omissão, teima em lidar com elas. Ninguém nasce adulto, então fico me perguntando em que ponto do trajeto instala-se em nós o desvio, das virtudes e da memória.

    Criança é presa fácil, o que facilita a manipulação, o assédio, e justifica a perda. Falta-lhe autonomia. Falta-lhe astúcia para avaliar as ardilosas tramas da teia.

    Mas ontem uma criança de oito anos, e inteligência aguda, em parte me contradisse. Afirmou que não gostava de ir à escola estudar, que se sentia ansiosa e USADA (sim, foi essa a palavra). Perguntei apreensiva se gostava de aprender; sem vacilar respondeu que sim. Senti um alívio. Quanto ao verbo considerei ser possível um equívoco na escolha. Usada? A despeito das minhas dúvidas manteve-se categórica; não abriu mão da palavra.

    Então refleti que cada vez mais e precocemente elas são pressionadas a absorver informações, competir, cumprir metas e exibir resultados. Roubam-lhes o direito de pensar livremente, de usar a intuição e de preservar valores que lhes são natos. Roubam-lhes tempo. Tornaram-se lucrativas, tornaram-se alvo. Além de brinquedos, fraldas, iogurte… Vendem grifes famosas, produtos de beleza… Vendem tudo e são induzidas a comprar tudo… São usadas.

    São usadas? Calma aí! Então ela não se equivocou na escolha do verbo. Identificou as ardilosas tramas da teia. Intuitivamente, casualmente ou sabiamente… Quem sabe?

    Vi luz no fim do túnel.

        Uma ótima semana pra você!

        Abraços,

     

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  • Recado para o Seu Gil

    Data: 22/02/2011 | Categoria: Livre | Comentários: 3

    Há pessoas que achamos que gostam da gente, há outras que temos certeza. Na minha preciosa lista Seu Gil era uma destas. Perspicazes olhos azuis, jeito calmo, brincalhão, farto para elogiar repetidas vezes… Foi assim que fez parte da minha adolescência e início da juventude. Era pouca a idade, a minha, mas já reconhecia o imenso valor do gesto. Como uma daquelas pessoas raras que com esmero lapidam a nossa auto-estima, generosamente, sem nenhuma pressa, desse jeito me ficou na memória.

    Há anos já não nos víamos e sábado se foi sem que nos despedíssemos, sem que se cumprisse o último trato – uma visita para uma prosa, um abraço saudoso apertado e um bolo feito por mim, pois foi o que prometi.

    Éramos duas pessoas que se gostavam muito… Nós dois sabíamos.

    Que lhe acompanhe a minha gratidão, querido amigo… Esteja bem e em paz…

        Até qualquer dia!

        Com todo o meu carinho,

     

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  • VISITAS MUSICAIS: TOQUES DE VIDA.

    Data: 18/02/2011 | Categoria: Entrevistas | Comentários: 1

     

    Larissa Albertassi Dalrio é enfermeira, e mais uma pessoa bonita no sentido pleno da palavra. Demonstra competência, empatia e afetividade, qualidades que esperamos encontrar nos profissionais que nos auxiliem, direta ou indiretamente, em circunstâncias que ameacem a nossa vida, ou a vida de alguém que nos seja muito caro. Quem conhece boa parte dos ambientes das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), sabe do que falo. A motivação do convite para essa entrevista parte do reconhecimento dessas qualidades em alguns preciosos profissionais, algumas abençoadas “Larissas”, que atuam nessas unidades.  

     

    Ela nasceu em Volta Redonda, Rio de Janeiro, há 27 anos. Estudante de uma escola do município participou ali da primeira turma de violino dirigida pelo professor e maestro Nicolau Martins de Oliveira. Um grande aprendizado, dos sete aos quatorze anos, somado às aulas de pífaro e canto. 

    Completou o curso técnico de enfermagem e em seguida o superior, formando-se em 2007. No trabalho de conclusão do curso abordou o tema “A Visita Musical como Estratégia Terapêutica no contexto de uma Unidade de Terapia Intensiva”. Esse belo trabalho norteou nossas perguntas. Leia!

     

    Seja bem vinda Larissa! A VISITA MUSICAL COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA NO CONTEXTO DE UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA… Um título atraente. O que a inspirou na escolha do tema?

    Sempre estive muito ligada à música, mesmo atuando na área da saúde. Trabalho há oito anos em uma Unidade de Terapia Intensiva e fico muito envolvida com o sofrimento do Ser ao qual estou prestando cuidados. Com isso sempre pensava em meios que pudessem amenizar um pouco esse sofrimento. Nunca havia me imaginado utilizando a música como um caminho, até que na faculdade chegou o momento de apresentar o trabalho final; através de conversas com amigos fui amadurecendo a idéia.

    É comum tratarmos usuários de serviços na área da saúde como “pacientes”. No seu trabalho você os identifica como “clientes”. Qual a razão?

    A modernidade está sempre presente nos termos de enfermagem. O termo paciente, em sua utilização cotidiana, apresenta uma concepção em que a pessoa atendida é vista mais como um objeto do que como o sujeito. Se formos olhar no dicionário, uma das definições para paciente é: Aquele que sofre sem reclamar. Assim, tenho que ter em mente que estou cuidando de um cliente consumidor e que acima de tudo é um ser humano que tem vontades, desejos e sonhos.

    O que a fez optar por uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) como ambiente para a realização do trabalho?

    Optei pela UTI não apenas por trabalhar nesse setor, mas por saber que é um setor crítico, fechado, onde o ser humano é separado de todo o seu cotidiano para que possa ser tratado.

    O cuidado humano implica na interação com o outro (cliente/paciente) abordando-o como ser e não como objeto, entretanto frequentemente essa abordagem ocupa um plano secundário ou inexiste, colocando-se como prioridade o atendimento técnico e os deveres administrativos. Como você avalia essa questão?

    Este é um ponto muito importante, pois é necessário que tenhamos profissionais comprometidos com a vida, mais intimamente com o ser que ali se encontra, e não apenas com a doença que ele apresenta. O profissional da enfermagem é que mais tempo passa com o cliente, daí a importância da sua conscientização sobre um cuidado que vai muito além da técnica, está também na interação com o outro.

    No início do seu trabalho você salienta que “ao hospitalizar-se a pessoa rompe com seu elo social e familiar atuante, para se colocar passivo (paciente) dentro do novo ambiente”. Que argumentos justificariam a música com finalidade terapêutica como um dos caminhos para se restabelecer esse elo?

    A música vem sendo utilizada em vários momentos da nossa história, desde os primórdios da humanidade, com finalidade terapêutica. Ela pode ser considerada um importante meio de comunicação/interação entre profissional e cliente, pois proporciona um ambiente agradável e saudável, fazendo com que o foco não esteja restrito à doença. O cliente se sente valorizado como ser humano.

    O objeto do seu estudo é o impacto que a visita musical causa ao cliente internado em um ambiente de UTI. Qual o impacto produzido nas equipes atuantes nesse contexto; foi possível fazer essa avaliação?

    Sim. Ao realizar o estudo, todos (médicos, técnicos e outros profissionais) ficavam observando. O interessante é que nas visitas musicais onde era utilizado o violino, a música tocada era apreciada por todos. Sinto que a equipe sentia um pouco do que o cliente sentia, ou seja, eles sentiam uma atmosfera familiar e não apenas a tensão do serviço. É possível fazer um estudo sobre o impacto das visitas musicais para o profissional de uma UTI. Tenho certeza que os resultados serão fantásticos e a visita será produtiva.

    O uso da música com finalidade terapêutica não é uma abordagem nova. Qual a primeira documentação que se tem a esse respeito?

    Platão e Aristóteles seriam os precursores da música terapêutica, ao falarem e receitarem música; dizendo que ela não havia sido dada ao homem com o objetivo de afagar seus sentidos, mas sim para acalmar os transtornos da sua alma. Caminhando pela história encontramos relatos de que os egípcios a utilizavam, e todos os autores citam também a passagem bíblica da música curativa que era efetuada por Davi diante do rei Saul.

    Quais os cuidados que se deve ter na introdução desse recurso num ambiente de UTI?

    É importante observar a particularidade e a aceitação de cada cliente. Tem que ser respeitada a sua vontade, pois ele pode não aceitar as visitas musicais. É necessário pesquisar cada cliente e família para saber seu gosto musical, e o mais importante, para que essa visita seja terapêutica deve ser sucinta, evitando o estresse e o cansaço.

    Quais foram os instrumentos musicais utilizados na sua pesquisa?

    Em alguns clientes, geralmente os que gostam de músicas mais clássicas, o instrumento utilizado foi o Violino, por eu já saber tocá-lo. E utilizei também um aparelho de mp3 em outros clientes.

    Que parâmetros foram utilizados para a análise dos resultados?

    Para os clientes lúcidos, a análise dos dados foi dividida em 5 categorias:

    1ª – A sensação da internação em uma UTI.

    2ª – Os incômodos presentes no ambiente de uma UTI.

    3ª – As visitas musicais na UTI.

    4ª – O pensamento presente no momento da visita musical.

    5ª – A análise dos sentimentos trazidos pelas visitas musicais.

    Para os clientes sem possibilidade de resposta verbal ou em coma, os parâmetros analisados foram os sinais vitais e a observação.

    Que conclusões foram extraídas dessa experiência?

    Através das entrevistas coletadas foi revelado o potencial que a música tem de estimular os clientes, promovendo um momento lúdico no ambiente hospitalar, proporcionando assim relaxamento e bem estar, podendo deixá-los menos propensos a criar conflitos, além de proporcionar uma maior integração entre eles e o ambiente. Foi possível observar alterações consideráveis através de alguns sinais vitais, como níveis de pressão arterial e saturação de oxigênio. Principalmente nos clientes não responsivos, onde a observação se fez relevante, ao observar o semblante de cada cliente, trazendo-o de um período de prostração e inserindo-o no ambiente.

    A direção do hospital teve acesso aos resultados?

    Sim

    Em nossa região (Sul Fluminense, Estado do Rio de Janeiro, Brasil) algum hospital já adota esse recurso?

    Não.

    Considerando-se os bons resultados obtidos, o que seria necessário para a adoção e/ou ampliação dessa prática nas UTIs?

    Conscientização e amor são as palavras chave, a meu ver. Hoje em dia vemos que os hospitais pensam de forma mais humanizada, pois encontramos várias UTIs que já possuem o apoio emocional através dos psicólogos. Isso é um progresso importantíssimo dentro de uma UTI. Mas é importante ressaltar que a música terapêutica ainda não foi tão divulgada, existe um caminho ainda bem longo para trilhar. É necessário que os profissionais se interessem pelo assunto, busquem, estudem, pois todo o esforço será significante diante da satisfação de prestar o cuidado em forma de música aos clientes. Não há nada melhor para a enfermagem do que um sorriso como parte de um agradecimento.

    É fácil Larissa, dimensionar a importância do tema. Assim, queremos reforçar nosso agradecimento por nos permitir colocar no site, em pdf, a íntegra do seu trabalho. Esperamos que continue firme na difusão dessa experiência e que num futuro próximo nos apresente sua evolução. Boa sorte!  

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  • Torta de Banana do Mutirão

    Data: 11/02/2011 | Categoria: Sabores | Comentários: 5

     

    Mutirão é um restaurante antigo e bem conhecido em Volta Redonda; mantém há anos o mesmo cuidadoso padrão de qualidade. Pedi à Maysa, proprietária, uma receita para vocês. Nem acreditei quando logo de cara  me enviou justamente esta. Gente, é D-E-L-I-C-I-O-S-A; vale a pena experimentar. Ah! E vale a pena, para quem ainda não conhece, também visitar o restaurante. O que é bom merece ser divulgado. Aí vai:

     

    MASSA:

    1/2 Xícara de farinha de trigo branca; 2 Xícaras de farinha de trigo integral; 1/2 Xícara de açúcar mascavo; 1/2 Xícara de óleo de girassol ou de soja.

    RECHEIO:

    6 a 8 bananas d’água amassadas; 1/2 copo duplo de açúcar mascavo (opcional); canela a gosto.

    COBERTURA:

    3 a 5 bananas d’água cortadas em fatias.

    MODO DE FAZER:

    Misture todos os ingredientes da massa até ficar consistente (massa esfarinhada), cubra a forma e reserve um pouco de massa. Para o recheio, amasse as bananas com o açúcar mascavo e a canela. Por cima do recheio coloque o restante da massa reservada. Por último, coloque as bananas em fatias e salpique açúcar mascavo. Deixe assar por uns 40 minutos, mais ou menos, em forno pré-aquecido.

    BOM APETITE!

    Mutirão Alimentos Naturais - Rua 14, número 185, Vila Sta Cecília, Volta Redonda, Rio de Janeiro.

  • Hospital da Escócia terá funcionários robôs

    Data: 06/02/2011 | Categoria: Livre | Comentários: 0

    Em nosso país muito ainda há a ser feito na área da saúde, todos sabemos. Transitamos entre dois extremos: a carência de recursos básicos, elementares, e o avanço da alta tecnologia. De um ao outro um item merece destaque: HUMANIZAÇÃO. Foi o que justificou o texto.

    18/06/2010

    No endereço  http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI4506140-EI12886,00-Hospital+da+Escocia+tera+funcionarios+robos.html noticia-se a construção de um hospital na Escócia que inclui no investimento a utilização de robôs para a execução de trabalhos como levar e remover bandejas de alimentação, limpeza de quartos e salas de operações. Entretanto, responsáveis garantem que eles não substituirão os funcionários humanos, apenas servirão para que estes estejam mais focados nos pacientes.

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    12/06/2010

    No pronto socorro do principal hospital particular de uma determinada cidade ela chega para mais uma sessão do que poderá ser um longo tratamento. Permanecerá ali por algumas horas. Enquanto a acompanhante executa os rituais burocráticos aguarda em uma sala de espera onde transitam médicos(as), enfermeiros(as) e atendentes. Receptiva, observa a cada um e esboça cumprimentos. Poucos a olham; os que olham não respondem ao gesto. Muitos minutos depois entra em um quarto e deita-se no único leito. Um enfermeiro chega com os equipamentos; ajusta o aparelho, conecta os tubos, coloca as luvas, desembala a agulha. Ansiosa, ela diz bom dia. Ele não responde. Ela lê o seu nome no crachá e repete o cumprimento. Sem olhar para o seu rosto ele responde secamente, finaliza o procedimento e se retira.

    Observando o gota a gota permanece imóvel até que a porta se abre e entram duas mulheres responsáveis pela limpeza. Cumprimentam-na amistosamente e pedem desculpas pelo transtorno. Ao saírem perguntam se deseja que a luz permaneça acesa. Desejam-lhe boa sorte. Ela responde ao cumprimento e sorri, agradecida.

    Dias depois, enquanto lê a notícia sobre o hospital da Dinamarca, traçando um paralelo imagina se as mulheres responsáveis pela limpeza, tão gentis e tão humanas,  tivessem sido substituídas por robôs. Aliviada, se pergunta: como seria?

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        Uma amistosa semana pra você.

        Abraços,

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  • Café com Manga

    Data: 17/01/2011 | Categoria: Sugestões | Comentários: 1

    Gosto de aprender e de ensinar, mas confesso que às vezes exagero tanto numa coisa quanto na outra. Sônia, minha ajudante, sabe bem disso. Há um ano voltou a estudar tamanha a minha insistência, e é possível que já não saiba se o tempo de estudo na escola é maior do que aquele que tem comigo.

    Mergulhamos numa aula a cada pergunta feita; se não gosta faz de conta, reconhece que a causa é boa, e assim vamos nos entendendo. Outro dia, enquanto descascava mangas, encantadas com o cheiro, a cor e o sabor, falamos da Natureza. Deus é chique, mais uma vez concluiu ela. É sempre com essa frase reflexiva que permeia o tema. Para avaliar seu entendimento desta vez perguntei sobre o motivo.

    - É chique porque faz tudo com perfeição, com cuidado, qualidade extrema; foi o que disse.

    No dicionário chique vem do francês chic, e quer dizer elegante, bonito, de bom gosto, esmerado.

    Como vê, ela acertou em cheio.

    Esqueci de dizer que gosto de aprender, ensinar e também experimentar fazer diferente, quando é possível.

    Saboreava um café enquanto conversávamos, e para celebrar o momento substituí o pão pela manga. Veja a imagem na foto que ilustra o texto. Achei linda a foto; e café com manga?… Uma delícia!

    Bem, a Sônia, apesar de não ter experimentado, considerou minha conclusão suspeita. Questão de gosto…  Além disso, nesse contexto, ela não compreendeu que o prazer do experimento esteve menos no compromisso com o sabor do que no exercício das possibilidades.

    Oh instigante universo das possibilidades!  Tão desconcertantemente múltiplo quanto atrativo.

    Isso me lembra um dos últimos livros que li – “Tudo o que Você Pensa, Pense ao Contrário”, do publicitário inglês Paul Arden.

    Recomendo a você que leia e depois me fale a respeito.  Adoraria!

        Que seja ótima sua semana!

        Abraços,

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  • MÃOS À OBRA!

    Data: 07/01/2011 | Categoria: Livre | Comentários: 9

    Há dias meu pai anda às voltas com a produção artesanal de uma mesa. É bem o estilo dele; fez vários bancos, bengalas, colheres de pau… E agora é a vez da mesa. Permanece por horas na atividade.

    Nela há um toque especial de originalidade…

    Guardei em sua casa alguns quadros pintados numa fase muito sombria. Por esse motivo nunca achei razoável pendurá-los numa parede. Limpando-os certo dia ele constatou que na madeira de alguns havia cupim. Pegou dois (não identifiquei quais) e me fez uma pergunta que entendi como se poderia tirar a madeira. Respondi que sim. Dias depois uma surpresa: os quadros, antes esquecidos num canto, ganharam uma utilidade; tornaram-se parte da mesa. Veja na foto!

    É possível aos meus olhos avistar obra mais linda?

    E a despeito de tudo isso, de tanta perspicácia e tanta delicadeza, numa visita seu irmão chegou, avaliou o trabalho e não hesitou em dizer: “Sai muito mais barato se você for a uma loja e comprar uma mesa pronta”. Com a mesma objetividade meu pai respondeu: “Eu sei disso, mas não estou fazendo pelo dinheiro; estou fazendo para me manter ocupado, assim não fico deprimido; enquanto me ocupo não penso bobagens”.

    Aí fiquei pensando que enquanto as lojas se enchem de compradores as farmácias nunca venderam tanto remédio para a ansiedade, tanto antidepressivo.

    Meu pai, e minha mãe também, diga-se de passagem, nunca tomaram uma coisa e nem outra. E eles não estão dobrando o Cabo da Boa Esperança, expressão usada para quem avançou na trilha da idade. Por conta dos 80 anos há tempos já estão lá, e não se deixam ficar parados.

    É bem possível então que a mania de comprar pronto tenha um pouco a ver com a venda nas farmácias. Sim, deve ter, porque os ditos populares não enganam e algo parecido afirma que “cabeça vazia é oficina do diabo”. Você também já ouviu essa frase?

    Pois é… Então um bom final de semana pra você, aguce sua perspicácia e mãos à obra!  Antidepressivo está muito caro, foi o que disse meu tio.

        Abraços,

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  • Carta para o Alexis

    Data: 29/12/2010 | Categoria: Livre | Comentários: 1

    O que era para ser um comunicado em duas linhas acabou virando uma carta, um desabafo, um apelo ou uma semente de esperança… Talvez. 

    Bom dia Alexis!

    Ontem enviei a mensagem referida para a tal empresa, hoje liguei novamente e continuo sem retorno, como há vários dias.  Pelo jeito só a partir do próximo dia 03.

    … Essa é uma situação cada vez mais recorrente, e por você estar no topo da juventude e em início de carreira, pode lhe ser útil como aprendizagem.

    Creio que em nenhuma época a expressão “saiu sem abanar o rabo” foi tão pertinente… Retornos que não são dados, promessas e acordos que não são cumpridos, horários e prazos que não são respeitados, incentivos irresponsáveis a sonhos e expectativas que não se concretizam, e por aí vai… Nunca se investiu tanto em tecnologia para a comunicação e apesar da avalanche de aparatos talvez nunca tenhamos nos comunicado tão mal… Um Paradoxo do Nosso Tempo, como alerta o título do seu belo e premiado trabalho.

    O que se ganha com isso? Uma ilusória garantia de leveza fruto do descompromisso, em curto prazo.

    O que se perde? Valores imprescindíveis à sobrevivência emocional, como confiança e respeito, o que se evidencia através de distúrbios manifestados por  irritabilidade, agressividade, insegurança, ansiedade, desânimo, depressão, solidão, desesperança, insônia, transtornos alimentares, dependência química,  desvios de comportamento… Enfim uma longa lista, o Caos do Nosso Tempo.

    Há luz no fim do túnel? Creio que há, pois muito me leva a crer que estamos à beira do insuportável; um limite que nos força a sair da zona de conforto e pensar sobre paradigmas que viabilizem novas formas de coexistir e agir…  Não sei quanto tempo isso levará, muitos anos ainda talvez, pois somos hábeis no tangível e inábeis no intangível. De qualquer modo vale à pena fazer algo desde já.

    O prêmio “Talentos da Publicidade” que você recebeu, concedido pela TV Rio Sul (Globo), mostra-se como um indicador positivo. É um incentivo. Pegue essa referência e continue a desenvolver idéias e intervenções coerentes com o tema. Será sua parcela de contribuição. É o que desejo, é o que espero.

    Naturalmente que tanta inquietude faz com que não se esgote o assunto; e sem que fosse essa a intenção percebo agora que a carta serve como preliminar para a nossa já programada entrevista. Paradoxo do Nosso Tempo… Fui tocada pelo tema.

     Já falou com a TV Rio Sul sobre a possibilidade de liberar o filme? Sem que possa ser visto a entrevista perderá o sentido. É preciso que todos vejam.

        Aguardo o seu retorno.

        Um grande e agradecido abraço,

  • OBRIGADA, SENHORA!

    Data: 17/12/2010 | Categoria: Livre | Comentários: 2

    Por *Denizi de Paula Oliveira

    No Rio de Janeiro, uma mulher se dirige ao balcão de atendimento de um hospital público. Em seguida, agitada, anda de um lado para o outro. Imobilizada em uma velha cadeira de rodas, sua filha a espera.

    Cansada, para e senta-se ao meu lado. Sem pedir permissão, começa a relatar sua história.

    Há meses agendara uma consulta para essa filha. Moram em Cabo Frio e para chegarem ao hospital saíram de madrugada, viajando de táxi durante horas. Para as despesas, precisaram da ajuda de vizinhos.

    Agora, a secretária lhe informa que não haverá consulta porque a médica e seus assistentes faltaram. Houve um vazamento de água no consultório. Este o motivo alegado.

    Indagou sobre por que não a avisaram. Não houve resposta.

    Enquanto detalha, suas rugas se movimentam como que a desenhar palavras. Atenta, acompanho cuidadosamente cada traçado.

    A indignação imprime-se à sua face. Não se robotizou. Não se conformou. Está viva!

    Faço uma reflexão sobre o seu caso. Faço uma reflexão sobre o descaso. Uma epidemia.

    Os veículos de comunicação falam-nos de estupros, pessoas assassinadas, doentes nos corredores, corrupção, desvios do dinheiro público.

    Falam sobre o de sempre, e que há muito não me interessa saber, atenta que estou ao pilar intangível que sustenta todos os atos:

    A Ética.

    Aquela que está no rosto do outro que me interpela e pede respeito (Levinàs).

    Este é o pilar. Se corroído pelo descaso o que nos resta fazer?

    Naquele momento aflitivo, sem nem mesmo me conhecer, foi a mim que ela escolheu para que fizesse em seu rosto a leitura. Coube-me decifrar seu desabafo.

    Aturdida, apoderei-me da sua história e revi, em minha própria face, o desenho dos meus traços.

    Obrigada, Senhora, por atiçar-me os sentidos. Estou viva!

    É nessa avalanche que sofregamente nos consome, onde lhe deixo um abraço.

    Solidariamente,

    * www.pessoabonita.com.br

  • AMANHÃ

    Data: 11/12/2010 | Categoria: Livre | Comentários: 4

    Morei ao lado de um menino conhecido como Tequinho. Tinha uns três anos de idade e era frequentador assíduo da nossa casa. Estando na fase das infindáveis indagações, um dia me veio com a seguinte pergunta:

    - Denizi, o que é amanhã?

    Eu sempre muito explicativa, pensei, pensei, e achei ter me saído muito bem com a seguinte resposta:

    - Amanhã Tequinho, você pode entender assim… Acaba o dia, que é hoje, chega à noite você dorme, quando acorda é o amanhã.

    No dia seguinte, ainda cedinho, eis que batem à porta. Fui atender; era ele. Antes do abraço a pergunta inevitável:

    - Denizi, hoje é amanhã?

    Fui pretensiosa Tequinho, reconheço, e fiquei lhe devendo essa… Pois tem coisa que a gente entende somente quando quando a gente cresce. O amanhã é assim… Será?

    É que justamente hoje meu coração muito aflito bateu à porta da razão perguntando como seria o amanhã. Impaciente ela respondeu taxativa: Por que tamanha aflição? O amanhã não existe.

    Ele se afastou constrangido, mas de tanto sentir sem pensar, decerto não entendeu.

    Ah coração! Disse-lhe eu solidária. Compartilhamos dessa inquietude, mas de tanto pensar sem sentir há coisas que a razão desconhece, e às vezes até atrapalha. Só quem pode nos responder é a tal da sabedoria, e não é fácil chegar até ela. Quem sabe um dia? Vamos lá meu amigo, vamos lá!

    Com os pés firmes na estrada e ao som de taquicardias, desejamos a você um ótimo final de semana.

        Sempre cheio de abraços,

     

         * www.pessoabonita.com.br

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