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É preciso extirpar os calos…
Henrique é um amigo alemão que, a cada contato, planta sementes que germinam, crescem, e se reproduzem, na minha horta afetiva.
No primeiro desses contatos, ao som de flauta e violino, à luz de uma vela (representação simbólica do encontro entre amigos) e com um delicioso sabor de pão fresco, salpicado de gergelim… Fez-me uma pergunta:
- Como está o Brasil?
Contrariando o agradável instante, respondi:
- Inflação elevada, violência, desigualdade social alarmante… Um caos… Pois, tratava-se de uma época, em que estava assim.
Pensativo, ponderou:
- O perigo disso tudo é criar calo na alma das pessoas.
Muitos anos se passaram e, pela violência crescente, banalizada, me assusta a iminência, se já não presente, do temido e profetizado calo.
Na onda do susto ou receio, hoje alguém liga e me fala da Dalva… Uma amorosa e querida amiga, da época em que me sobravam sonhos, estudo, trabalho, pressão, e, ainda assim, não me faltava ternura e nem tempo. Deste, suficiente para olhar nos olhos do outro, e buscar além deles.
Tento empenhar-me a manter o hábito; nesse exercício, vou cultivando prêmios… Como a Dalva, Glorinha, Diva, Céris, o Michel, Álvaro… Tantos e tantos outros, que há tantos anos não vejo.
Telefono pra ela, convido-a para um encontro, e se alegra. Sugiro nesta semana… Será!
Como já lhe disse, a troca de afeto demanda urgência… É preciso extirpar os calos!
Grande abraço,