• AH, SOLIDÃO, POR ONDE ANDARÁ DONA UBELINA?

    Data: 18/06/2010 | Categoria: Livre | Tags:

    Sob o sol brilhante, e usando um grande chapéu preto; tão exótica, quanto o próprio nome, um dia ela se pôs à nossa frente com o firme propósito de ter companhia, ainda que por instantes.

    Vinda de Portugal, cedo chegou ao Brasil, onde construiu família e manteve os costumes de origem, além do forte sotaque.

    Filhos crescidos, e bem sucedidos, cada qual traçou o seu rumo, espalhando-se por aí.

    Não sabia ler nem escrever, mas nasceu poeta; faltava-lhe noção da riqueza, produto dessa mistura.

    Ela dita poesias… Alguém generoso, gentilmente as escreve… Ela, ingenuamente, confia.

    No convite para um café, nos pôs em sua casa imensa, intensa, tal qual reprodução de si mesma.

    Tinha pressa de agradar, urgência de interagir. Eu tinha pressa de ouvir.

    – Às vezes me sinto tão sozinha, que abro todas as portas e janelas na esperança de que entre alguém, nem que seja um ladrão, pra me fazer companhia.

    De tudo o que nos dizia, dessa frase jamais esqueci.

    Foi assim, desse jeito e nesse cenário, que um dia nos conhecemos.

    Na delicadeza dos seus gestos e em mais uma, das múltiplas e capciosas faces, em que a solidão se apresenta.

    Ah, solidão, por onde andará Dona Ubelina?

    Se alguém souber, por favor, me diga! Quem sabe apresento você aos seus versos?

    Aguardo notícias!

    Esperançosamente,

    * www.pessoabonita.com.br